Perivaldo Lúcio Dantas, o Peri da Pituba, jogou como lateral direito entre as décadas de 70 e 80. Fisicamente forte e bom de bola, ele começou sua trajetória nos gramados no Itabuna da Bahia, time da cidade onde nasceu. Foram anos de glórias até virar morador de rua na capital portuguesa, Lisboa.

    Perivaldo, ex-jogador
    Perivaldo (Reprodução / Web)

    Depois de se destacar no Itabuna, foi contratado pelo Bahia, e bastaram duas temporadas no tricolor para chamar atenção de outros clubes, como Botafogo e Cruzeiro.

    Na disputa pelo seu passe, o Botafogo levou a melhor, pois chegou oferecendo uma bolada e Peri da Pitú então vestiu o manto da estrela solitária.

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    Sua passagem pelo clube alvinegro foi marcante. Ainda que sem ganhar títulos, o lateral era um dos jogadores favoritos da torcida. Foi nessa época que Perivaldo começou a ser convocado para a Seleção Brasileira.

    Um Leandro pelo caminho

    Perivaldo no Botafogo
    Perivaldo no Botafogo (Reprodução / Web)

    Mesmo fazendo parte do grupo de 82, Perivaldo tinha Leandro (Flamengo), um dos melhores laterais do Brasil, como concorrente. Ele poderia ter ido como segunda opção, mas seu comportamento difícil o tirou do Mundial e quem ocupou a vaga foi Edevaldo (Fluminense).

    O torcedor do glorioso ficou tão revoltado que até um cântico foi criado em homenagem ao jogador. “Não tem Leandro, nem Edevaldo, o lateral da seleção é Perivaldo!”.

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    Seu momento marcante com a amarelinha foi evitar um gol embaixo da trave com uma bicicleta contra a Tchecoslováquia, no Morumbi. O gol daria a vitória para o adversário.

    Se não fosse sua personalidade e os problemas que teve com alguns jogadores e membros da comissão técnica, sua passagem pela seleção teria sido mais longa.

    Ponte aérea Jeju – Lisboa

    Time do Palmeiras em 1983
    Time do Palmeiras em 1983 (Reprodução / Web)

    Após marcar a história do Botafogo, Peri ficou por um breve período emprestado para o São Paulo. Depois, o Palmeiras pagou uma grande quantia pelo atleta, contudo as lesões e o temperamento complicado não deixaram o lateral triunfar no alviverde.

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    Do Palestra, foi para o Bangu: ali começava sua derrocada. Vaidoso e de gosto extravagante, Peri não poupava despesas quando o assunto eram joias, roupas e carros. Ele gastava sem dó, mas o salário no time carioca não era compatível com seu estilo de vida.

    Eis que o Yukong Elephants, da Coreia do Sul apareceu na vida do lateral com uma ótima proposta, porém a barreira da língua o fez rescindir o contrato e abrir mão de uma grana alta.

    Com a falsa promessa de que jogaria em Portugal, Perivaldo foi ao velho continente para retomar a felicidade, no entanto quem esteve mais presente nessa etapa da sua vida foi a tristeza.

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    Sem time, o ex-lateral foi cozinheiro de hotel e, mais uma vez, gastou tudo que ganhava, até vender seus pertences e ir morar na rua. De repente, o milionário virou mendigo.

    Durante algum tempo, Perivaldo conseguiu bancar as noites em um albergue, mas depois teve que ir morar na rua.

    Talk show salvador e retorno para o Brasil

    Perivaldo
    Perivaldo (Reprodução / Web)

    Anos na rua obrigaram Perivaldo a se virar como dava. O ex-jogador pegava roupas nos lixos das casas para vender na Feira da Ladra, em Lisboa. Foi quando o humorista Nilton Rodrigues o encontrou, o reconheceu, gravou um quadro e armou uma entrevista.

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    Essa entrevista repercutiu no Brasil e, em 2013, o programa Fantástico, da TV Globo, foi até Portugal e entrevistou Peri, que contou que tinha o sonho de voltar ao Brasil.

    A história chamou a atenção do Presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Alfredo Sampaio. Comovido com o relato de Perivaldo, ele foi até Lisboa com a filha do ex-lateral para resgatá-lo.

    Depois de ver o fundo do poço, a vida voltou a sorrir para Peri da Pitú. Em 2014, ele começou a trabalhar no Sindicato, tinha moradia bancada pela instituição e reencontrou a dignidade.

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    Após três anos, em julho de 2017, Peri da Pitú, aos 54 anos, faleceu por conta de uma pneumonia. Seus últimos anos foram mais tranquilos e, mesmo doente, Perivaldo pode partir com um sorriso no rosto.

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