Um dos maiores narradores da história não conseguiu colar a última figurinha em seu álbum repleto de glórias. Rubro-negro de coração, Galvão Bueno estava prestes a riscar mais um objetivo da sua lista na Copa Libertadores de 2019.
O Flamengo foi finalista da competição com o River Plate (ARG). A final única disputada em Lima, no Peru, teve final feliz, mas o enredo não saiu como o esperado.
O veterano já estava no país uma semana antes da partida, preparando-se para a transmissão, quando, três dias antes da bola rolar, um infarto o tirou do grande jogo. Galvão ficou de fora de mais uma final do Mengão na Libertadores.
Isso porque, da primeira vez que o clube chegou à final da principal competição do continente, em 1981, contra o Cobreloa (CHI), Galvão narrou o primeiro jogo no Maracanã, enquanto Luciano do Valle foi o escolhido para a partida na casa do adversário.
Como os dois jogos acabaram empatados, uma terceira partida em campo neutro determinaria quem seria o campeão. Pela logística, Luciano foi o escolhido pela Globo para fazer a grande final em Montevidéu, no Uruguai. O Flamengo conquistou seu primeiro título e Galvão acompanhou de longe.
Santa Desirée
Galvão Bueno foi convidado para participar do Altas Horas, da Globo, no dia 7 de março de 2020, e relembrou o susto que levou.
“Eu tive um infarto. Foi uma artéria secundária. Agradeço a minha mulher por estar comigo. Fomos jantar e comecei a passar mal de madrugada. Achei que fosse uma indisposição. Quando acordei ela começou a tomar as providências. O médico falou ‘vai para o hospital’. Ela me levou porque eu não iria. Para mim era um mal-estar. Começou a doer o peito e o braço esquerdo e achei melhor ir”, contou o narrador.
Quando o efeito da anestesia passou, o locutor fez uma revelação para o médico que cuidou da sua cirurgia.
“Falei, doutor, me ajuda. Ele me disse para respirar fundo. Estava doendo para caramba. Talvez eu morresse narrando o gol do Flamengo aos 47 do segundo tempo”, disse Galvão.
Quem substituiu o maior de todos foi o companheiro Luis Roberto. O paulista teve a oportunidade de gritar “Flamengo é o campeão da Libertadores”, enquanto Galvão passava por um cateterismo para desobstrução de uma artéria coronariana.
Galvão teimoso
Os diretores do documentário Galvão: Olha O Que Ele Fez, Sidney Garambone e Gustavo Gomes, participaram do Charla Podcast, no dia 15 de maio de 2023 e contaram a sua versão sobre o ocorrido em Lima.
“O Luis Roberto vai visitar ele em Lima, no quarto [do hospital]. A Desirée explica que queria arrastar ele [para o hospital] e ele não queria”, contou Sidney Garambone.
De acordo com os diretores, Galvão relutou assim como Senna – seu grande amigo -, fez quando ganhou GP no Brasil, em 1991, levando sua McLaren apenas com a sexta marcha nas voltas finais. Mas diferente do ídolo nacional, Galvão cedeu aos cuidados.
“Ele não queria ir para o hospital, achava que estava bem, que era só uma indisposição, mas a Desirée salvou a vida dele ali”, ressaltou Gustavo Gomes.