Gilmar Fubá, ex-volante do Corinthians, faleceu no dia 15 de março de 2021, aos 45 anos, após travar uma longa luta contra um linfoma. O campeão mundial pelo Timão combatia um câncer de medula óssea desde 2016.

    Gilmar Fubá no Corinthians
    Gilmar Fubá no Corinthians (Divulgação)

    A descoberta da doença aconteceu após Gilmar sofrer com uma pneumonia. Uma biópsia foi realizada em caroços presentes em seu corpo, acusando um mieloma múltiplo em estágio avançado.

    Diferentemente de seus colegas Rincón e Vampeta, que se destacavam pela técnica apurada, o defensor carregava o espírito “Corinthians de ser” e sempre foi reconhecido pela sua entrega. Era conhecido também como o verdadeiro “carregador de piano”.

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    O ex-Corinthians se firmou no profissional em 1996, quando substituiu outro volante de característica semelhante, Zé Elias, que deixou a capital paulista para defender a Internazionale de Milão.

    Gilmar Fubá ficou no Timão até 2000 e ajudou o clube a conquistar quatro títulos: o Paulista de 1997, o Bicampeonato Brasileiro de 1998 e 1999, e o Mundial de Clubes de 2000.

    A força da amizade

    Gilmar Fubá, Dinei e Viola
    Gilmar Fubá, Dinei e Viola (Reprodução / Web)

    Com a camisa alvinegra, o volante fez 129 jogos, sendo 92 como titular. Segundo o site Meu Timão, foram 60 vitórias, 33 empates, 36 derrotas e quatro gols na conta de Fubá.

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    Em longa entrevista ao UOL, em 1 de abril de 2017, Gilmar Fubá falou sobre como os amigos o ajudaram com o tratamento e que a descoberta da doença o aproximou da família.

    “A primeira coisa que eu perdi foi a família, eu fui casado vinte e poucos anos e do nada eu saí de casa. Minha mulher perguntou: ‘por quê?’. ‘Porque eu não quero mais, não gosto mais de você’, e saí de casa. Ai perde emprego, vai perdendo as coisas, tive que vender dois apartamentos nessa fase para me manter. Eu já não queria mais trabalhar, a noite já não deixava mais eu trabalhar, esses compromissos assim [jogos em eventos] eu já perdia. Teve [um] dia no hospital orando: Senhor, muito obrigada por você ter colocado essa doença na minha vida. Porque se não fosse a doença, eu estaria perdido ainda”, revelou Gilmar Fubá.

    O tratamento não era simples, custava muito dinheiro, mas o ex-jogador contou com ajuda de amigos para arcar com as despesas.

    “O tratamento é muito caro. Porque o convênio não cobre tratamento de câncer, de ninguém, você entra na justiça para brigar. Por isso que morre, não tem como, o Beto da Kalunga já gastou, em dois meses, R$ 700 mil comigo no hospital São Luiz”, revelou o ex-volante.

    Por que Fubá?

    Gilmar Fubá
    Gilmar Fubá (Reprodução / Web)

    Apesar do momento delicado, Fubá nunca perdeu seu bom humor característico desde a época de jogador, e relembrou a origem do apelido, que surgiu quando criança. Diante das dificuldades da vida, a farinha fina de milho foi sua salvação no dia a dia.

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    “Vinha muito fubá na cesta do meu pai. O leite era mais caro. Por isso, eu tomava muita mamadeira de fubá. Hoje, fubá, só na polentinha”, contou sorrindo o ex-Corinthians que tomou mamadeira até os 11 anos de idade.

    Durante a sua carreira, além das conquistas, Gilmar Fubá colecionou histórias hilárias, principalmente quando atuou pelo Timão.

    “Fomos campeões do Mundial, depois de dois dias caiu R$ 190 mil na conta. Fui lá, passei o cartão, vi aquele dinheiro, pensei que tinham depositado errado na minha conta. Fiquei quietinho. Fui no banco e pedi pra sacar todo o dinheiro. Daí peguei todo o dinheiro, coloquei numa mala e fui comprar uma BMW”, iniciou a história Fubá.

    Sem acreditar no jogador, o vendedor não acreditou na palavra do ex-volante, até que…

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    “Cheguei lá [na loja], de chinelo Havaianas, e disse: quero comprar essa BMW. Daí o cara [vendedor] disse que não, a chave estava no cofre, e mandou esperar um minuto. Aí ficou demorando, demorando, perguntou o que eu queria, eu disse: quero aquela BMW. E ele falou: Vai pagar como? Abri a mala, mostrei o dinheiro e ele falou: Fecha isso aí, fecha isso aí! (risos). Daí paguei a BMW, queriam me dar nota fiscal e eu falei que não queria nada, só a chave pra ir embora. Cheguei em São Mateus [onde morava] não tinha nem garagem para estacionar ela. Minha mãe perguntou: “onde vai por este carro?” Eu falei: “Deixar na rua”. Ela disse: “Não, então eu vou dormir dentro”. Minha mãe dormiu dentro do carro”, relembrou rindo o ex-Corinthians.

    Além do Timão, defendeu o Fluminense, Schalke 04 (ALE), Ulsan Hyundai (COR), Noroeste de Bauru, entre outros. Fubá encerrou sua carreira em 2011.

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