A Bundesliga é conhecida pelo público por ser uma liga previsível quando o assunto é a disputa pelo troféu; mas esse ano foi diferente. Não só a briga pelo título trouxe um ar de novidade nesta temporada, a história de um time pequeno chamou a atenção ao se classificar para a Champions League pela primeira vez.
O Union Berlin conquistou a vaga direta para a Champions na última rodada, após vencer o Werder Bremen por 1 a 0 no An der Alten Försterei, garantindo a quarta colocação no campeonato.
Comandado pelo suíço Urs Fischer, o time da capital teve uma campanha positiva: em 34 jogos, foram 18 vitórias, 8 empates e 8 derrotas. Após passar boa parte da Bundesliga no G4, seria frustrante que o Union Berlin perdesse a vaga na última rodada.
Rani Khedira (foto abaixo), irmão de Sami Khedira, foi o herói da partida e, aos 36 do segundo tempo, marcou o único gol do jogo, garantindo a tal desejada vaga na Champions.
Uma história de resistência
O Union Berlin chegou à elite alemã em 2009, contudo, antes disso, chegou a flertar com a falência diversas vezes. Graças aos torcedores, o clube resistiu e hoje pode desfrutar do seu melhor momento.
A trajetória do Union Berlin se cruza com a história do próprio país, visto como um inimigo da Alemanha Oriental. Os Eisernen foram à época uma grande bandeira contra o autoritarismo do exército e da polícia secreta que dividia a capital alemã.
“O Union Berlim não é explicitamente político como o St. Pauli, mas implícito – aliás, eles não se gostam por causa desta sutil diferença. No Union, tudo se volta à experiência no estádio. (…) Isso cria uma comunidade especial e um clima diferente, porque não se subordina à lógica comercial. Também não é anticomercial, porque os patrocinadores são convidados para ser parte de tudo. Para se decifrar exatamente o que é, os etnólogos e os cientistas culturais podem quebrar a cabeça”, explicou a revista berlinense 11 Freunde.
Dar o sangue pelo time
Ainda que a presença na segunda divisão alemã tenha se tornado frequente, as contas do Union Berlim não fechavam e a instabilidade econômica ia de mal a pior. Por falta de dinheiro, o clube voltou a frequentar a quarta divisão e não tinha recursos para arcar com as dívidas e pagar a licença na liga.
Mais uma vez, a instituição teve que contar com seus torcedores para sair desse buraco. Segundo o UOL, em 2004 uma campanha de doação de sangue foi armada. O acordo funcionava da seguinte maneira: a cada doação de sangue para o sistema de saúde alemão, um valor simbólico era direcionado aos Eisernen.
Outras ações foram feitas na época para arrecadar fundos, vendas de camisetas, shows de rock e dois amistosos no An der Alten Försterei – contra St. Pauli e Bayern de Munique. Juntando todas as ações, cerca de 1,5 milhões de euros foram arrecadados e suficientes para sanar os rombos.
Hoje, o Union Berlim ganha a simpatia de diversos torcedores pelo mundo, por desbancar grandes clubes e pela sua história de luta.
