Não importa qual programa de debate esportivo seja, sempre tem uma discussão acalorada por um lance, um gol duvidoso ou até mesmo por brigas pessoais.
Em 1997, Milton Neves esteve no Mesa Redonda da TV Gazeta e foi protagonista de uma das maiorias brigas da televisão, ao lado do saudoso Roberto Avallone.
Um vendido?
Tudo começou quando o santista Milton Neves foi convidado para ser mestre de cerimônias de um evento que celebrava o aniversário do Corinthians. Muitos teceram duras críticas ao jornalista, principalmente Avallone, que comandava o Mesa Redonda.
“Milton Neves foi comprado, perdeu sua credibilidade. Onde já se viu se vender para um clube? Foi lá no aniversário do Corinthians”, esbravejou o apresentador da TV Gazeta.
Neves não gostou nem um pouco dos comentários e pediu um direito de resposta na própria bancada do programa. Ele foi convidado e, o que seria apenas uma defesa, tornou-se um show de ofensas e acusações.
A conversa seguiu um rumo bem diferente do que era proposto: começou uma discussão falando sobre jogadores gays no futebol e Neves afirmou que na bancada havia um gay. Um bate-boca teve início e os outros convidados apenas assistiram, constrangidos.
Fogo amigo
O ápice do bate-boca foi quando colocaram o então presidente do Palmeiras, Márcio Papa, no telefone. Avallone sempre foi um palmeirense fervoroso, mas ouviu o desprezo do dirigente por sua pessoa, ao vivo.
“O senhor já foi considerado persona non grata no Palmeiras, pelas mesmas atitudes que o senhor toma na mesa. O senhor é o campeão da ironia, e das meias verdades”, falou Papa.
Avallone não aceitava as palavras, queria falar e Neves mandava ele calar a boca para ouvir as declarações do dirigente palmeirense. E, após a ligação, um chamava o outro de mentiroso e grosso.
Mas o pior estava por vir: Milton disse que iria sair do programa e afirmou que Avallone confidenciou que ele tinha um irmão louco. O apresentador do Mesa Redonda ficou nervoso, dizendo que aquilo era um baixo nível e que iria processá-lo.
De fato, o comentarista da TV Gazeta foi à Justiça, mas Neves acabou ganhando o processo.
“Todo mundo saiu perdendo”
Em 2020, 23 anos após o fato, Milton Neves declarou no UOL que se arrepende do bate-boca no Mesa Redonda.
“Foi muito, muito feio e todo mundo se arrependeu. No frigir dos ovos, todo mundo saiu perdendo e essa briga é o motivo de maior arrependimento que tenho em meus quase 50 anos de carreira”, declarou.
O criador do Terceiro Tempo afirmou que, após o episódio, eles se reencontraram e a amizade foi restabelecida.
“Tempos depois, Avallone e eu voltamos a conversar e o jornalista de sangue verde me confidenciou que estava passando por problemas de saúde, por isso se desequilibrou. Eu, que andava estressado naquela época, também pedi desculpas e a amizade foi reconstruída”.
“Morre parte da memória esportiva do Brasil”
Roberto Avallone morreu no dia 25 de fevereiro de 2019, aos 74 anos, vítima de um infarto.
Em sua coluna no UOL, Milton relembrou e homenageou o amigo.
“Morre parte da memória esportiva do Brasil e mais um ícone do jornal espetacular que foi o Jornal da Tarde. Tivemos um entreveiro em 1997. Mas o tempo passou e a nossa amizade nunca acabou. Ele foi ao meu aniversário, quando eu fiz 60 anos. Esteve comigo no Terceiro Tempo da Band, no ano passado, e ultimamente a gente jantava juntos no Léllis Tratoria.”
