O Rei se foi, mas a saudade e boas lembranças ficaram bem vivas no coração do Brasil. Pelé tinha um futebol irreverente, criativo, passional. Corria nas veias. Ele foi o criador do “futebol arte” (um jogo bonito dentro de campo) e, assim, deixou mais uma marca, tornando o futebol uma verdadeira arte.

    Pelé no Santos

    Dentre muitas de suas pinturas, está um episódio histórico do Campeonato Paulista de 1964. Na ocasião, Santos enfrentava o Botafogo, de Ribeirão Preto (SP.)

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    Cutucando o Leão…

    No jogo de ida, o Peixe desafiou o Pantera em casa, entrando na roda, levando dois gols e alguns desaforos para a casa. Aos gritos de “olé”, o Botafogo venceu o Santos e, para piorar a provocação, um jogador tricolor ainda sentou sobre a bola.

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    Pelé ficou enfurecido. O Pantera ficou engasgado na goela do Rei, como uma espinha de Peixe. Ele não se conformava com tamanho desaforo. O recém bicampeão mundial, que naquele ano acumulava 13 dos 15 títulos que disputou, não podia passar pela humilhação de perder (de novo, pois havia perdido de 4 a 1 em 1963) para o clube do interior paulista.

    Aí foi “o boi com a corda”. Pelé jurou vingança. Prometeu, aos brados, que devolveria o desaforo quando o Pantera chegasse na baixada. E assim foi.

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    Devolução com juros

    Santos e Botafogo 1964

    No jogo de volta, numa Vila Belmiro lotada, embaixo de chuva e Pelé com “sangue nos olhos, o Pantera não foi mais que um mísero gatinho indefeso. Foi dia 21 de novembro de 1964. Pelé marcou OITO gols sobre o Botafogo, sendo cinco só no primeiro tempo.

    Os botafoguenses não conseguiam nem respirar. Além do Rei, mais três gols foram marcados, inclusive um Olímpico assinalado por Pepe. O placar final foi de arrasadores 11 a 0. Só não foi pior, pois o goleiro Machado, do Botafogo, fez seis defesas incríveis.

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    Em entrevista ao GE, em 2014, o finado jogador botafoguense, Benedicto Antônio Angeli (conhecido como Antoninho), explicou o motivo da ira de Pelé.

    “Um dos nossos atletas sentou em cima da bola em Ribeirão Preto. Aí o Pelé prometeu devolver tudo. Na Vila Belmiro eu dei a saída de bola 12 vezes, um recorde (risos). No intervalo já estava 7 a 0, cinco gols do Pelé. O Carlucci pediu para eles tirarem o pé no intervalo e o Pelé respondeu: “vocês vão se f** aqui… Ninguém mandou gritar olé para nós em Ribeirão Preto”, relembrou Antoninho.

    Outros motivos…

    Pelé e Toninho Guerreiro no Santos

    Outro grande motivo que levou Pelé ao seu recorde – este foi o jogo com mais gols na carreira do Rei – era que Flávio Minuano, do Corinthians, estava na briga pela artilharia. Com esta enxurrada de gols, Pelé, obviamente, foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1964, com 34 gols.

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    Nesta edição, pelo Santos, ainda teve Toninho Guerreiro na terceira colocação, com 21 gols. Flávio Minuano, concorrente direto de Pelé até a goleada sobre o tricolor ribeirão-pretano, ficou na vice-liderança, com 22 gols.

    Depois desse vexame, o Pantera voltou com o “rabinho entre as pernas” para Ribeirão Preto. Pelo menos (como diriam os otimistas) pode-se dizer que foi sobre o Botafogo que o Rei marcou seu maior número de gols em uma única partida. Foi um recorde brasileiro. Botinha fez história junto ao Rei.

    Vale ressaltar que as goleadas do Peixe não foram mérito apenas de Pelé. O Santos marcou, literalmente, uma dúzia de gols nas maiores goleadas de sua história: 12 a 1 sobre o Ypiranga, em 1927; os mesmos 12 a 1 sobre a Ponte Preta, em 1959 – neste jogo, sem a presença de Pelé. Esta formação é considerada o melhor time do mundo até os dias atuais. Era o “Dream Team” brasileiro.

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