Mágico, único e eterno: aos 82 anos, morre Pelé, o Rei do Futebol

Faleceu nesta quinta-feira (29) Edson Arantes do Nascimento, o eterno Pelé. Com 82 anos de idade, o Rei do Futebol estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP), desde o dia 29 de novembro.

De acordo com nota oficial divulgada pelo hospital, o ex-jogador faleceu às 15h27, em decorrência da falência múltipla de órgãos, resultado da progressão do câncer de cólon que sofria.

Última internação

No dia 29 de novembro, Pelé foi internado para passar por tratamentos contra um câncer de cólon descoberto em 2021 (foto acima). Antes disso, o Rei do Futebol já havia recebido diagnóstico de metástase no intestino, pulmão e fígado, conforme divulgado em janeiro deste ano.

Ainda na dia 2 de novembro, o ex-jogador foi levado ao hospital por apresentar um quadro de inchaço. Na ocasião, foi identificado que ele estava com infecção respiratória e os médicos realizaram um tratamento com antibióticos.

No dia 3 de dezembro, o quadro de saúde de Pelé foi divulgado em sua rede social no Instagram. Nela, constava o boletim médico do dia, emitido pelo hospital, que dizia que ele havia sido internado para reavaliação da terapia quimioterápica do tumor de cólon.

O estado de saúde, de acordo com o boletim, era que o paciente estava estável.

“Meus amigos, eu quero manter todos tranquilos e com o pensamento positivo. Estou forte, com muita esperança e sigo meu tratamento como sempre. Quero agradecer a toda equipe médica e de enfermagem, por todo zelo que tenho recebido. Eu tenho muita fé em Deus e cada mensagem de amor que recebo de vocês, vindas mundo inteiro, me mantém cheio de energias. E assistir o Brasil na Copa do Mundo também”, dizia a publicação na rede social.

Posteriormente, foi divulgado que o ex-jogador já não respondia ao tratamento, sendo encaminhado para receber cuidados paliativos exclusivos para aliviar a dor e a falta de ar. Esse tipo de cuidado é uma alternativa de tratamento para os casos clínicos de pacientes com enfermidades graves ou que não têm mais possibilidade de cura.

Pelé na Copa de 2022

Reprodução / Instagram Pelé

A última Copa do Rei, ainda que como espectador, foi acompanhada lance a lance. Em sua redes sociais, ele compartilhou algumas mensagens ao longo da competição. Uma delas, foi uma homenagem à Neymar (foto acima), que igualou seu número de gols em mundiais na derrota do Brasil para a Croácia.

“Eu te vi crescer, torci por você todos os dias e finalmente posso lhe parabenizar por igualar meu número de gols com a Seleção Brasileira. Nós dois sabemos que isso é muito mais do que um número. O nosso maior dever, como atletas, é inspirar. Inspirar nossos colegas de profissão de hoje, as próximas gerações e, acima de tudo, inspirar todos que amam o nosso esporte”, dizia parte da mensagem.

Outra manifestação do Rei foi parabenizando a seleção campeã da Copa do Mundo do Catar, a Argentina.

“Hoje o futebol continuou a narrar a sua história, como sempre, de forma apaixonante. @leomessi vencendo sua primeira Copa do Mundo, como era merecido por sua trajetória. Meu querido amigo, @k.mbappe, marcando quatro gols em uma final. Que presente foi assistir a este espetáculo ao futuro do nosso esporte. E não poderia deixar de parabenizar ao Marrocos, pela campanha incrível. É muito bom ver a África brilhar. Parabéns, Argentina! Certamente Diego está sorrindo agora”, disse o Rei.

Despedida da família

Ao longo de um mês de internação, a família de Pelé esteve, independente da altura, perto do ex-jogador. Filhos e netos, todos estiveram ao lado do Rei durante sua lenta partida.

Na noite de sexta-feira (23), uma de suas filhas, Kelly Nascimento, publicou em seu Instagram uma imagem abraçada ao pai (foto cima). Na legenda, ela escreveu:

“Seguimos aqui, na luta e na fé. Mais uma noite juntos”.

Kelly, que vive nos Estados Unidos, chegou ao Brasil dia 12 de dezembro para acompanhar o pai, passando o Natal com ele e uma de suas irmãs, Flávia. Outro filho de Pelé, Edinho, manifestou-se antes de ir visitar o pai, alegando que tinha compromissos com o clube que treina, o Londrina.

“Eu gostaria de alguma maneira estar presente, mas estou comprometido na minha missão aqui também. Eu não sou médico, não ia poder ajudar muito de fato. Quanto mais sucesso eu conseguir aqui, na minha trajetória, isso leva alegria para ele lá também. Estou em paz com isso. Mas, sempre com o pensamento lá. Às vezes me desligo um pouco e vou para um canto refletir, orar. É uma questão natural, mas muito difícil, que todos passam eventualmente”, disse Edinho.

Simplesmente Pelé

Reprodução / Gazeta Press

Pelé nasceu na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, no dia 23 de outubro de 1940. É filho de João Ramos do Nascimento, que também foi profissional da bola, conhecido como Dondinho, e de Celeste Arantes do Nascimento, viva até hoje.

Quando tinha quatro anos, Edson se mudou com a família para Bauru (SP). Influenciado pelo pai, o garoto logo começou a participar das peladas disputadas na rua da nova cidade. Inspirado no goleiro José Lino da Conceição Faustino, o Bilé, Pelé gostava de jogar no gol.

Reprodução / Arquivo Pessoal

Reza a lenda que o menino não conseguia pronunciar o nome do ídolo, Bilé, quando fazia as defesas. Ele dizia algo como: “Seguuuuura, Piiiiiilé”. Esse fato fez com que os colegas, para zombar dele, começassem a chamá-lo de Pelé. Por ele não gostar do apelido, o nome ficou… E como ficou.

Aos 11 anos, Pelé foi descoberto pelo jogador Waldemar de Brito, que o levou para o Bauru Atlético Clube. Poucos anos depois, percebendo o enorme talento do jovem, Brito o apresentou para um time maior. E foi assim que Pelé chegou ao Santos Futebol Clube.

Um mês após chegar à Vila Belmiro, o jovem jogador realizou seu primeiro jogo na equipe profissional. Contra o Corinthians de Santo André, o Santos venceu por 7 a 1 e Pelé, que entrou ao longo da partida, marcou o sexto tento do seu time.

O Rei do Futebol começou a ser reconhecido nacionalmente ainda com 16 anos de idade. Em 1957, já era titular do Peixe e se tornou artilheiro do Campeonato Paulista, com 36 gols. Até hoje, ele é o mais jovem a realizar tal feito.

Pelé atuou durante quase toda a sua carreira no Santos, de 1956 a 1974.

Conquistas

Pelé ganhou tudo o que podia ganhar como profissional. Pelo Santos, conquistou dez títulos estaduais e seis campeonatos nacionais (Taça Brasil e Torneio Robertão), além de duas Copas Libertadores da América e dois Mundiais de Clubes (1962/1963).

Em 1969, marcou seu milésimo gol, em pleno Maracanã. O tento foi marcado de cobrança de pênalti, em uma partida realizada contra o Vasco.

No dia 2 de outubro de 1974, Pelé se despediu do Santos, ajoelhando-se no gramado, com os braços abertos e a bola à sua frente, despedindo-se do clube que foi sua vida e pedindo perdão. Transferiu-se para o New York Cosmos (foto abaixo), dos Estados Unidos.

Reprodução / Cosmos

Em sua carreira, o Rei disputou 1.364 partidas, tendo marcado 1.282 gols.

Até hoje, é o jogador mais novo a vencer uma Copa do Mundo, com apenas 17 anos e 8 meses. Foi Campeão em sua estreia, em 1958, na Suécia, sendo também artilheiro da competição. Foi chamado pelos franceses, então, de Rei do Futebol.

Pelé também é o único jogador tricampeão mundial (1958/1962/1970), jogando ao lado de grandes nomes do futebol brasileiro, como Nílton Santos, Didi, Zagallo, Vavá, Garrincha, Jairzinho, Rivelino, Carlos Alberto, Clodoaldo, Tostão, Gérson e Félix.

O Rei marcou 95 gols com a camisa do Brasil e Seu último jogo pela Seleção Brasileira foi realizado em julho de 1971, também no Maracanã, em um amistoso contra a Iugoslávia.

Pelé despediu-se dos gramados em 1977, em um jogo do Cosmos contra o Santos, nos Estados Unidos. A partida contou com a presença de artistas, políticos e personalidades mundiais.