Jogador do Internacional da década de 50 recusou nacionalidade uruguaia

27/12/2022 às 9h13

Por: Jônatas Mesquita
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Mílton Alves da Silva, mais conhecido como Salvador, foi um dos nomes do Internacional na década de 50. O centro-médio, que se destacou no time gaúcho, esteve a serviço da Seleção Brasileira na campanha da Copa do Mundo de 1954.

Contratado pelo Peñarol, do Uruguai, após a Copa, o jogador recebeu várias investidas para se naturalizar uruguaio. A tentativa era colocá-lo à disposição da A.U.F (La Asociación Uruguaya de Fútbol), mas Salvador se recusou até o fim.

De acordo com o jogador, acima de qualquer coisa, inclusive compensação financeira, estava o seu patriotismo.

Os uruguaios chegaram, inclusive, a tentar incluir o brasileiro entre os selecionados para disputarem o Sul-Americano de 1959, que reunia as seleções da América do Sul e foi realizado na Argentina, mas Salvador manteve sua posição.

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Início de carreira

Salvador no Internacional

Nascido no dia 16 de outubro de 1930, Milton começou a jogar num quadro do orfanato Pão dos Pobres, como ele mesmo afirmou à revista O Cruzeiro, em 1953. Foi lá que ganhou o apelido de Salvador.

“Muitas vezes, modéstia à parte, salvava o quadrinho”, disse.

Em seguida, foi para o Corinthians de Porto Alegre, mais tarde conhecido como Força e Luz, jogando pelos juvenis, mas, rapidamente, subiu para a equipe profissional. Em 1950, chegou ao Internacional (foto acima), seu clube de predileção. Era a realização de um sonho, jogar futebol no seu time de coração.

Salvador iniciou na reserva do Inter e, aos poucos, foi se firmando. Uma de suas partidas de destaque foi contra o Peñarol, seu clube de destino anos depois. Na partida, quando o jogador entrou, o Colorado perdia por 5 a 1. Mas, sua entrada foi fundamental para acertar a equipe na partida, que terminou  6 a 4 para o time uruguaio; o saldo positivo foi que, com o centro-médio em campo, o Inter mudou a postura e “ganhou” por 3 a 1.

Em sua primeira temporada no time, Salvador conquistou o Torneio Extra, Municipal e Gaúcho. Nos anos seguintes, esteve nas conquistas da Taça Cidade de Porto Alegre (1951), nos bicampeonatos municipal e estadual, do Torneio Extra, Campeonato Municipal e Campeonato Estadual de 1952.

Em 1953, Salvador participou da primeira conquista nacional do Colorado, o Torneio Régis Pacheco, disputado na cidade de mesmo nome do craque. O Colorado enfrentou Vitória, Bahia e Flamengo. Depois, viriam o tetracampeonato municipal e estadual.

Ficou no Colorado até se transferir para o Peñarol, onde atuou entre 1955 e 1960, participando de três dos cinco títulos nacionais consecutivos conquistados pelo clube.

Em terras uruguaias

Salvador no Peñarol de 1955

No início de 1955, o Peñarol procurava um substituto para o volante Obdúlio Varela e buscou Salvador. No dia 11 de fevereiro, o Internacional ganhou do Estrela Vermelha por 4 a 2, sendo o último jogo do atleta pelo clube gaúcho. Negociado por dois milhões de cruzeiros, mudou-se para Montevidéu.

Apesar de um começo sem títulos, seu futebol cativava os torcedores. A partir de 1958, as taças chegaram e Salvador foi tricampeão uruguaio em 1958, 1959 e 1960, tornando-se o primeiro brasileiro campeão da Taça Libertadores, também pelo Peñarol, em 1960.

Seleção Brasileira

Seleção Brasileira de 1953

Salvador também defendeu a Seleção Brasileira. Em 1953, foi convocado para participar do time que disputou o campeonato Sul-Americano, realizado em Lima, no Peru.

Na ocasião, o jogador não teve muito oportunidade, já que Danilo, Eli e Bauer estavam em grande forma.

Após sua passagem pelo Peñarol, o River Plate o contratou em 1961, mas ele não conseguiu obter o mesmo desempenho. Uma fratura na perna atrapalhou sua passagem por Buenos Aires e, no ano seguinte, jogou pelo Estudiantes. Voltou ao Brasil para atuar pelo Metropol em 1963 e 1964, quando encerrou a carreira.

Salvador faleceu em 11 de abril de 1972, segundo algumas fontes, ou em 1979, segundo outras.

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