A Central do Apito, criada pela Globo em 2018, consistia em um grupo de ex-árbitros que participavam das transmissões dos jogos e programas de debates visando analisar os lances polêmicos da arbitragem. No entanto, o quadro chegou ao fim neste ano, o que gerou alívio para os juízes ainda em atividade.
Apesar da implementação do VAR, os jogos de futebol, especialmente no Brasil, continuam repletos de erros e interpretações contrárias à regra, o que fazem dos lances os destaques nos programas esportivos do dia seguinte.
Discutindo o sexo dos anjos
Parte da imprensa deixava de falar sobre o que de fato importava para debater sobre lances de bola não mão – ou mão na bola. Além de irritar os telespectadores, as discussões à exaustão irritava os próprios árbitros.
De fato, a arbitragem precisa de debate, mas é necessário um enfoque mais profundo em questões fundamentais, como profissionalização, cursos de aprimoramento, remuneração adequada e garantia de descanso para os árbitros. Essas questões são mais importantes e urgentes na busca pela melhora do desempenho da arbitragem.
Final da Central do Apito
O árbitro da Fifa, Raphael Claus, foi um dos que se sentiram mais tranquilos para realizar seu trabalho com o desmanche da Central do Apito.
“Quando tinha a Central do Apito, atrapalhava um pouco, por causa disso. Às vezes o comentarista não está avaliando o que o árbitro é orientado, ele está dando uma opinião pessoal e isso é ruim”, desabafou o árbitro ao Flow Sport Club em 15 de junho de 2023.
Além da queixa em relação aos seus ex-colegas, o árbitro Fifa também reclamou dos gramados. De acordo com Claus, o nível de gramado atrapalha o andamento dos jogos, deixando as partidas mais picadas, pois os jogadores não conseguem desempenhar o bom futebol.
Questionado se ele comemorou o fim da Central do Apito e se aliviou para o desempenho do seu trabalho, o árbitro não mentiu:
“Aliviou, sim. Porque assim, essa informação que muitas vezes se falava ao vivo, rapidamente chega no vestiário e no campo e isso aí distorce o jogo. É uma ferramenta que atrapalha o jogo”, disse.
Demissões em massa
A Globo determinou o fim do quadro em março, com isso, os integrantes que participavam como analistas de arbitragem foram desligados da casa. Somente o experiente Paulo Cesar de Oliveira ficou, mas sua aparição é muito esporádica.
Sálvio Spínola deixou a emissora um mês antes das demissões em massa. Já o casal Sandro Meira Ricci e Fernanda Colombo, que também faziam parte da Central do Apito, foram demitidos.
Em nota ao Estadão, a Rede Globo explicou o motivo dos desligamentos.
“Os dois profissionais não fazem mais parte do time de Esporte da Globo. Nos últimos anos, com a implantação e consolidação do árbitro assistente de vídeo (VAR), as questões de arbitragem foram recebendo outro tipo de tratamento e o VAR foi oferecendo respostas às questões apresentadas durante os jogos. Diante desse novo cenário, a Central do Apito deixa de existir durante as transmissões de futebol. As análises sobre arbitragem serão feitas, quando necessário, no conteúdo dos programas esportivos”, disse o comunicado divulgado em 21 de março de 2023.