Em pleno Maracanã, tragédia na final do Brasileirão deixou três mortos
25/07/2023 às 12h48
O dia 19 de julho de 1992 tinha tudo para ser uma grande festa. Era final de Campeonato Brasileiro entre Flamengo e Botafogo e o Maracanã contava com mais de 100 mil pessoas.
Acidente no Maracanã em 1992 (Reprodução / Web)Porém, um incidente minutos antes do jogo manchou a conquista, independente de quem saísse vencedor do confronto – no caso, o Flamengo.
A arquibancada ocupada pelos flamenguistas foi palco de minutos de pânico. Uma das grades de proteção desabou, ocasionando a queda de vários torcedores.
De acordo com o Jornal dos Sports, o início da confusão foi motivado por conta de uma discussão no local.
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Torcedor armado
Segundo informações, um dos envolvidos estava armado e ameaçou atirar para o alto. Diante do desespero, começou uma movimentação aglomerada e a grade de proteção acabou não suportando e cedeu.
O acidente deixou 82 pessoas feridas e três mortos, sendo dois deles menores de idade. Sérgio de Souza Marques, de 25 anos, Federico Castilho de Oliveira, de 16, e Cláudio José Rocha Galda, 17, foram as vítimas fatais da tragédia.
Apita o juiz
Para muitos, a partida deveria ser adiada, menos para o árbitro José Roberto Wright, que optou pela realização do jogo.
“Após o coronel-comandante me detalhar aquela situação lamentável, ponderei que havia em torno de 130 mil pessoas que foram assistir a um jogo no Maracanã. Perguntei ao coronel se teria possibilidade de colocar em torno 50 policiais no local onde o alambrado cedeu, e, ao receber o aval dele, decidi que a final ocorreria”, contou Wright ao Lance dia em 19 de julho de 2017.
Segundo o ex-árbitro, a confusão poderia ser maior caso não tivesse jogo, podendo gerar mais revolta a quem estava no estádio.
“Por mais que o incidente tenha sido grave, a opção por suspender o jogo poderia causar um tumulto maior. Mas a situação mostrou-se correta. E, dentro de campo, os dois jogos foram tranquilos, sem maiores problemas”, lembra Wright ao Lance dia 19/07/2017.
Mesmo diante de uma tragédia, os responsáveis pelo jogo aceitaram entrar em campo e jogar 90 minutos como se nada tivesse acontecido.
O jogo
O Flamengo jogava pelo empate, já que vencera o primeiro embate por 3 a 0. Com larga vantagem, o clima nas ruas era de festa, diferente do que se viu em campo. O jogo de volta terminou em 2 a 2, com mais de 80 pessoas feridas e três óbitos.
O presidente da SUDERJ (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro) e mandatário do Flamengo na época, Márcio França, disse ao Lance que não conseguiu comemorar o título por conta da tragédia.
O ex-cartola chegou a comentar com o então Governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, sobre as condições do Maracanã.
“Em um despacho que tive com o governador Leonel Brizola, eu chamei atenção de que o Maracanã estava deteriorado, e alguma coisa podia acontecer. Era preciso uma recuperação grande, muito grande”, declarou França em 19 de julho de 2017.
O estádio foi interditado e, somente em fevereiro de 1993, após 205 dias sem receber jogos, foi reaberto para um amistoso entre Flamengo e Cruzeiro, quando o time carioca venceu por 2 a 0.