Craque peitou Luxemburgo e colegas para dividir prêmio com reservas
10/08/2023 às 11h14
Conhecido pelos golaços e por seu comportamento temperamental dentro de campo, Edmundo mostrou outra faceta nos vestiários, desconhecida por grande parte da mídia e dos torcedores.
Vanderlei Luxemburgo (Rodrigo Coca / Agência Corinthians)Durante sua primeira passagem pelo Palmeiras, o ex-atacante peitou ninguém menos que o técnico Vanderlei Luxemburgo, além de boa parte do elenco.
No episódio em questão, Edmundo partiu em defesa dos jogadores reservas do time alviverde.
Prêmio da partida
Quem contou a história foi o ex-meia Marco Aurélio dos Santos, conhecido como Macula.
Em entrevista ao UOL no dia 29 de maio de 2014, o reserva do rico elenco da era Parmalat revelou que o Animal teve uma atitude solidária com ele e outros atletas que ficavam no banco de suplentes.
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Enquanto Antônio Carlos, Mazinho e Cléber sugeriram que o bicho do jogo deveria ser integral para os titulares e 50% do valor para os reservas, o ex-camisa 7 do Palmeiras discordou dos colegas de time.
Edmundo solidário
Macula é grato pelo ex-companheiro de time, que foi generoso com ele e com os demais atletas que, na época, não tinham muitas oportunidades no time titular.
“A reunião [do bicho] estava lotada, aí, de repente, o Edmundo falou assim: ´Vanderlei, vou fazer uma pergunta. Se no próximo jogo o Macula fizer três ou cinco gols e arrebentar, ele vai ser titular? Se o Sorato entrar e fizer dois gols, você vai tirar o Evair pra ele jogar? Se esses caras (reservas) arrebentarem, eles vão virar titular?”, lembrou o ex-meia.
De acordo com Marco Aurélio, o treinador até tentou tomar a palavra, mas Edmundo continuou argumentando que a proposta de Antônio Carlos não era justa.
“Aí ele falava ´Como é que esses caras vão jogar? Eles podem fazer qualquer coisa, que nunca vão ser titulares. Então como é que vocês querem tirar o bicho deles e que não seja integral? Tem que ser integral sim, porque se eles jogarem bem e arrebentarem, você, Vanderlei, não vai por eles pra jogar. Seu time titular é esse e você não vai mudar’”, contou Macula.
Por fim, Luxemburgo concordou com o Animal e abriu o espaço caso Macula, Sorato, Flávio Conceição e Amaral quisessem falar algo.
“Não, não, podem ficar à vontade, não queremos falar não”, relembrou sorrindo.
Grupo rachado, mas vencedor
O elenco vencedor que conquistou o Bicampeonato Paulista (1993 e 1994), o Bicampeonato Brasileiro (1993 e 1994) e o Torneio Rio-São Paulo (1993) teve muitos problemas de relacionamentos.
O desentendimento daquele elenco do Verdão não é uma novidade, mas Macula passou uma visão de quem esteve dentro do elenco – embora quase sempre fora dos jogos –, algo que poucos tiveram a chance de presenciar.
“Havia briga justamente pelo temperamento do Edmundo, que sempre foi um cara muito explosivo. E tinha um grupo que reclamava que o Palmeiras tinha que ser mais coletivo, e ele era muito individualista. Isso trazia alguns problemas. O Edmundo discutiu várias vezes com o Antônio Carlos porque tinha um grupo que era o pessoal da igreja… Zinho, Cléber, César Sampaio, Cláudio… esse era um grupo. E o Edmundo era praticamente sozinho”, declarou o ex-jogador.
Já os outros atletas também não se envolviam, deixando o eterno camisa 7 mais solitário.
“O Evair não se metia em nada, o Rincón era muito na dele e fica assim muito dividido fora de campo. Mas dentro de campo o Vanderlei segurou com rédea curta todo mundo. Era um pega pra capar em campo”, pontuou o ex-Palmeiras.
Macula fez sua carreira praticamente no Brasil. Sua única experiência fora do país foi na Suiça, quando jogou pelo FC Chiasso, em 1993, antes de vir para o Palmeiras. O ex-jogador também passou por Vasco, Bangu, Fluminense, Remo, Bahia e Fortaleza.