Um dos maiores zagueiros do nosso país, Luís Edmundo Pereira começou sua carreira no São Bento e teve passagens por times como Santo André, Flamengo e Portuguesa.
Mas foi no Palmeiras e no Atlético de Madrid que o lendário jogador marcou história com seus feitos, incluindo um episódio inusitado que aconteceu em um jogo festivo, realizado em sua cidade natal, Juazeiro (BA).
Expulsão em partida comemorativa
O ano era 1992. O zagueiro levou a Seleção Brasileira de master para fazer um amistoso festivo contra o clube que leva o nome da sua cidade; a partida fazia parte de uma série de homenagens ao jogador.
Luís Pereira sempre foi conhecido por ser um zagueiro técnico que tratava bem a bola – característica incomum para os defensores da sua geração. Não à toa, o jogador foi considerado um craque da zaga e raramente era expulso em uma partida.
Só que a história nesse jogo comemorativo foi diferente. 18 anos após ser o primeiro jogador brasileiro a ser expulso em um Mundial – Copa do Mundo de 1974, na Alemanha Ocidental, – Luís Pereira foi expulso do seu próprio jogo.
O confronto festivo de Juazeiro contava com inúmeras estrelas da Seleção Brasileira de master, cujo técnico era nada mais nada menos que Roberto Rivellino.
Confusão, intervenção e reviravolta
O então árbitro da partida, Zé Tarzan, como era conhecido na cidade, deu cartão amarelo para Luís Pereira após este chegar atrasado em uma disputa de bola. Descontente com a punição, o dono da festa cobrou com veemência o juiz, que não gostou da atitude do jogador e o expulsou da partida, irritando atleta e torcida.
“É muito pior marcar jogos de veterano ou festivo. É tudo cobra criada, passam a noite na farra e não têm condição física. Eles pensam que todo mundo do interior é besta. Dei o cartão amarelo, e ele disse umas agressividades. Ele deveria ser exemplo, mas queria brigar. Aí expulsei”, relembrou Zé Tarzan em entrevista para o site do GE em 4 de junho de 2014.
Ao ver o cartão vermelho subindo em sua direção, Luís Pereira ficou possesso e quis partir para cima do árbitro, que por sua vez preferiu correr da briga.
Mandado do prefeito
Ainda que a vontade do funcionário público José Francisco Bastos, o Zé Tarzan, fosse botar o zagueiro para fora de campo, a recomendação por ser um jogo festivo era de não expulsar nenhum atleta, e sim pedir substituição caso fosse caso de cartão vermelho.
A situação só foi controlada após a presença do então prefeito, Joseph Bandeira, que trajava um paletó primoroso em pleno sol de Juazeiro, e entrou em campo para lembrar Zé Tarzan da recomendação.
“O juiz quis agitar o ambiente e quis me expulsar. Mas você vê que eu estava com moral com o prefeito, não é? Isso é uma coisa boa”, recapitula com bom humor Luís Pereira para o site do GE.
Carreira
Luís Edmundo Pereira nasceu dia 21 de junho de 1949, em Juazeiro (BA). Com sua aptidão para fazer gols, fazia com que o treinador da Segunda Academia do Palmeiras, Oswaldo Brandão, perdesse a cabeça com ele algumas vezes.
Isso porque Luís Pereira assumia sua outra personalidade – Luís Chevrolet. Ele ganhou esse apelido devido ao seu arranque com a bola e força para sustentar as subidas ao ataque, relembrando os carros da montadora.
Luís Pereira era um exímio cabeceador, o que o torna o zagueiro com mais gols da história do Palmeiras. Foram 36 gols e 577 jogos em 12 temporadas. O jogador fez parte da Segunda Academia pelo alviverde, que resultou em cinco títulos e uma admiração infinita por parte dos torcedores.
Pelo Atlético de Madrid, foram nove títulos, 161 jogos e 16 gols entre 1974 e 1980. Foi lá que ele recebeu a alcunha de “El Mago” por sua técnica fora do normal. Luís foi considerado pelo IFFHS (The International Federation of Football HistoryandStatistics) o 37º jogador sul-americano da história do futebol.
Por onde anda Luís Pereira?
Luís Pereira atuou como Diretor das categorias de base do Atlético de Madrid desde o início dos anos 2000 e ajudou o clube a revelar nomes como Fernando Torres, Gabi Fernandez, Koke, entre outros.
Além disso, o eterno Luís Chevrolet auxiliou na adaptação dos brasileiros que passaram por lá, casos de Filipe Luís, Miranda e Renan Lodi.
Ativo em suas redes sociais, Luís Pereira vive com a família na capital espanhola e compartilha constantemente informações sobre o Atlético de Madrid.
