Vício quase destruiu carreira de Nikão: “Onde tinha bebida, eu estava junto”

29/07/2023 às 14h26

Por: Caio Yokota
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Nikão (Rubens Chiri / saopaulofc.net)

Após ótima passagem pelo Athletico Paranaense, Nikão foi vendido ao São Paulo e chegou com moral no clube paulista no início de 2022. Porém, o jogador não conseguiu repetir o mesmo desempenho e acabou sendo emprestado ao Cruzeiro até o final de 2023.

Nikão (Rubens Chiri / saopaulofc.net)

Antes de conquistar seis títulos com a camisa do Furacão, o jovem Maycon Vinícius Ferreira da Cruz – nome completo do jogador – não teve vida fácil. Nikão revelou ao GE, no dia 8 de setembro de 2019, que viveu uma fase alcoólatra em sua vida.

A carreira de Nikão tinha tudo para dar errado. Aos 22 anos, o meia-atacante já tinha passado por 14 clubes em três países diferentes. Durante esse período, o atleta nunca esteve só, mas infelizmente para ele, a sua companhia foi a bebida.

“Com oito anos, eu acabei perdendo minha mãe, com câncer. Aos 16, minha avó, que cuidou de mim, também faleceu. Um ano depois, perdi um irmão de 23 anos em um acidente de carro. E não conheci meu pai. Minha relação com o álcool começou aos 12 anos e foi até os 22 anos. Onde tinha bebida, eu estava junto”, contou Nikão.

Maradona Negro

Nikão em início de carreira

Nikão no Bahia, em 2011 (Reprodução / Web)

No decorrer da sua peregrinação no futebol, o jogador teve a chance de fazer testes em países diferentes. Mas, como não havia responsável e Nikão era menor de idade na época, o meia teve que retornar ao Brasil e continuar sua luta.

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Em uma dessas passagens, Nikão ficou um período no CSKA, da Rússia, onde ele foi apelidado de Maradona Negro. Depois, passou pelo PSV, da Holanda, e pela Arábia Saudita.

Após passagem pelas categorias de base do Palmeiras, Santos e Atlético Mineiro – clube onde se profissionalizou em 2010 -, o meia canhoto rodou por Vitória, Bahia, Ponte Preta, América-MG, Linense e Ceará.

Em todos os clubes, Nikão se destacou tecnicamente. Seu talento em campo nunca foi o problema, mas com sua vida noturna ativa e seu físico comprometido, ninguém quis manter o atleta.

Recomeço

Athletico Paranaense na Sul-Americana em 2021

Athletico Paranaense na Sul-Americana em 2021 (Staff Images / CONMEBOL)

Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico, deu mais uma chance para Nikão, em 2015. O cartola conhecia o jogador desde a base e sabia do potencial do canhoto. No entanto, o meia se apresentou sem condições para um profissional: nove quilos acima do peso.

Jean Lourenço, preparador físico na época, relembra quando Nikão chegou no CT do Caju.

“Era uma situação até engraçada, porque ele estava com uma camisa apertadinha e a gente brincou que teria que cortar a blusa. O time viajou para uma pré-temporada na Espanha e ele ficou treinando comigo em Curitiba. Reclamou muito, mas entendeu que aquilo era preciso. Ele teve que correr muito, parar com a bebida, largar a noite e cortar outras besteiras. Hoje, ele confirmou que realmente é um atleta diferenciado”, lembrou Lourenço.

Nikão entendeu que poderia ser sua última oportunidade e mudou radicalmente de vida, deixando as baladas e as bebidas de lado e focando em sua família. Sua esposa, Izabela Cruz, estava grávida de seu filho, Thiago Vinicius.

Desde então, Nikão passou a ser peça chave para o Furacão nas conquistas de duas edições da Copa Sul-Americana (2018 e 2021) e da Copa do Brasil (2019).

Frustração

Rogério Ceni

Rogério Ceni como treinador do São Paulo (Rubens Chiri / saopaulofc.net)

A pedido de Rogério Ceni, Nikão chegou no Tricolor com a expectativa de repetir o desempenho da época de Athletico Paranaense. Contudo, lesões e dificuldades na adaptação na cosmopolita São Paulo dificultaram a vida do meia-atacante.

De acordo com o Blog do São Paulo, em matéria publicada no dia 21 de dezembro de 2022, o motivo da saída de Nikão foi estritamente familiar.

“Não houve um atrito direto com Ceni, não houve um problema de relacionamento no grupo. A questão do jogador é estritamente familiar. Depois de anos em Curitiba e acostumados à forma da cidade, povo e cultura, a família de Nikão sofreu forte impacto na mudança para São Paulo. Megalópole, a cidade não facilitou e começou a impactar no emocional de sua esposa e filho”, publicou o Blog.

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