Com 25 anos de Rede Globo, Walter Casagrande marcou história no canal com seus posicionamentos contundentes sobre o futebol e tudo que o cerca. Sua passagem na emissora também ficou marcada pelas polêmicas em que se envolveu.
Durante todo esse tempo, Casão viveu de tudo dentro da Globo. Participou do Globo Esporte São Paulo, dos programas do SporTV e, por muito tempo, foi o principal comentarista em rede aberta ao lado de Galvão Bueno.
Em 2007, o ex-Corinthians deu um susto em seus familiares, fãs e colegas de trabalho. Em consequência do uso de drogas, Casagrande se envolveu em um acidente de carro e ficou em coma por 24 horas.
Ele concedeu uma entrevista ao apresentador Amaury Jr. no dia 18 de outubro de 2019, revelando como foram as horas antes do acidente.
“Tive um surto psicótico e comecei a ver demônios na minha casa. Surtei porque estava usando droga por vários dias sem parar, sem beber água, sem nada. Então eu surtei naquilo que eu mais estava lendo sobre, que eram coisas demoníacas, trevas, etc.”, contou Casagrande.
Casão contra o mundo
Não foram poucas as vezes que o ex-Global se envolveu em polêmicas com seus antigos companheiros de trabalho. Em algumas, a discordância ficou por ali e terminou com o fim do programa, enquanto outras foram irreversíveis.
O debate com o jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, é um exemplo de que “o que acontece no campo, fica no campo”. A discordância entre ambos aconteceu quando o jornalista disse que a Supercopa do Brasil e a Recopa Sul-Americana são jogos festivos, como na Inglaterra.
Casagrande aproveitou seu lugar de fala e discordou do colega. Para ele, nenhum jogo oficial é festivo, principalmente quando vale taça. Em seu comentário, o comentarista lembrou de outra briga, entre PVC e Edmundo, quando o ex-Palmeiras citou que os jornalistas sempre ficam com a última palavra e não consideram a opinião de ex-atletas.
PVC ficou triste com a lembrança de Casão, uma vez que eles carregam uma amizade fora do trabalho, mas a situação não passou daí.
“Não aconteceu nada demais. Eu e o PVC somos amigos da antiga mesmo. Debate sobre futebol é assim mesmo. Acabou ali”, declarou Casão ao UOL, dia 21 de maio de 2021.
Política e futebol se misturam
Outro campo em que Casagrande sempre se destacou com suas opiniões foi a política. O comentarista nunca escondeu seu posicionamento ideológico e, para ele, o futebol é uma extensão da sociedade.
Não há como dissociar a nossa vida da política, e se o futebol faz parte da nossa vida, logo eles se misturam.
Essa filosofia custou algumas inimizades para um dos membros da Democracia Corintiana da década de 80. Seu ex-companheiro de Globo, Caio Ribeiro, e Neymar, recém-contratado pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita, são exemplos de divergências constantes por estarem do lado oposto do comentarista.
Em certo momento, durante a pandemia de Covid-19, Casão aproveitou sua coluna do GE para rasgar o verbo e falar do craque brasileiro.
“Mais de 500 mil mortos no país pela covid-19, governo negacionista que não comprou a vacina quando deveria para poder salvar vidas, escândalo da ‘rachadinha’ com a família Bolsonaro, violência policial nos morros do Rio matando crianças e muitas pessoas inocentes… Nada disso deixa o ‘patriota’ Neymar bravo. Mas, se falarem que vão torcer contra a seleção, porque o Messi é o maior ídolo da garotada brasileira, isso irrita muito”, publicou Casagrande.
Com Caio Ribeiro, a fala não foi tão ríspida, mas nem por isso Casagrande poupou palavras. O ex-Corinthians explicou a confusão durante sua participação no Roda Viva, da TV Cultura, dia 9 de maio de 2022.
“Em relação ao Caio Ribeiro, primeiro tenho que deixar claro que foi naquele momento. Nós não somos inimigos. Nós não temos nada em comum. Nossos pensamentos são diferentes. Não temos uma amizade próxima. Mas isso não significa que sejamos inimigos. A gente trabalha junto, se entrosa na transmissão e cada um sabe o raciocínio um do outro. É só não tocar no assunto político, que aí começa a ter conflito”, esclareceu Casão.
Acordo de cavalheiros
Globo e Walter Casagrande romperam o contrato de maneira amigável no meio de 2022. Seu vínculo com a emissora iria até o final daquele ano, mas ambos entenderam que seria melhor terminar a relação antes.
Contratado em 1997, Casão publicou um vídeo pronunciando a sua saída.
“Olá pessoal. Vim aqui para avisar a vocês que, depois de 25 anos de TV Globo, seis Copas do Mundo, com cinco finais, incluindo a de 2002 com os dois gols do Ronaldo, três Olimpíadas e diversas finais de campeonato por aí, meu ciclo acabou. Tô saindo da Globo hoje, não faço mais parte do grupo de esporte da TV e vou seguir minha estrada. Na realidade acho que foi um alívio para os dois lados. Um beijo a todos”, disse Casagrande.
Já a emissora de maior audiência emitiu uma nota oficial.
“Em comum acordo, a parceria entre Globo e Casagrande chega ao fim, mas suas análises estarão para sempre marcadas no almanaque das transmissões de futebol da televisão brasileira”, afirmou a Globo.
