Que Pelé é o Rei do Futebol todo mundo concorda. Pelo menos aqueles em sã consciência, que constatam os fatos da modalidade no Brasil e no mundo. E se lá na frente ele era mágico e soberano, quando precisava se impor como xerife o ex-jogador também não deixava por menos.
Se o jogador marcou 1282 gols na carreira, sendo 12 em Copas do Mundo, conquistando ainda 37 títulos oficiais, era normal que também acumulasse alguns cartões pelo caminho… E o que causa espanto em quem não acompanhou a carreira do Rei de perto é a quantidade de tarjetas vermelhas que lhe foram mostradas.
Mesmo brilhando no ataque, Pelé levou uma série de cartões vermelhos ao longo de sua trajetória: foram 13. Quando era pressionado e marcado duramente – afinal, era difícil pará-lo – ele não abaixava a cabeça e revidava com virilidade.
Primeiro e último
Embora não se tenham muitas estatísticas da época, fala-se que a primeira expulsão de Pelé aconteceu quando ele tinha apenas 17 anos de idade (foto acima). Em 22 de dezembro de 1957, o garoto foi expulso em partida realizada entre o Santos e o Corinthians.
O jogo, realizado na Vila Belmiro e do qual o Santos saiu vencedor com um gol de Dorval, marcou o Campeonato Paulista daquele ano, que foi vencido pelo São Paulo. Pelé foi artilheiro da competição marcando 17 gols.
Já a última expulsão registrada na conta do Rei foi no dia 23 de novembro de 1969, na partida realizada contra o CA Mineiro, no Mineirão.
Inversão de papéis
No dia 18 de junho de 1968, em um amistoso do Santos realizado na cidade de Bogotá, contra a equipe olímpica da Colômbia, um fato inusitado aconteceu. Ainda não existiam cartões vermelhos, mas o árbitro da partida, Guillermo Velasquez, pediu para Pelé deixar a partida após realizar uma falta em um zagueiro. Mas esse não foi o único motivo: o juiz identificou insultos de Pelé à sua mãe após a não marcação de um suposto pênalti.
A confusão estava feita. Jogadores do Santos cercaram o juiz, e até os torcedores – cerca de 55 mil pessoas que queriam ver o jogador do Santos – protestaram contra à decisão. O juizão, inclusive, levou uma surra e apareceu com o olho no roxo em fotos da época (foto acima).
Em entrevista à Folha de S. Paulo muitos anos mais tarde, Velásquez afirmou que foi espancado pela maior parte do elenco do Santos.
“Quem armou toda a confusão foi Ramos Delgado (argentino que jogava no Santos). Juro por meus filhos que me agrediram 24 brasileiros (a delegação que estava no banco de reservas teria invadido o campo) e um argentino. Só Pelé não participou. O que mais me doeu é que a polícia colombiana não me defendeu”, contou.
Com tamanha pressão, o árbitro foi substituído por um dos bandeiras e Pelé foi reintegrado à equipe, que venceu a partida por 4 a 2.
Pelé Debochado
Outra expulsão na carreira do ex-jogador aconteceu no jogo da então Taça Brasil, realizado entre Vasco da Gama e Santos. Na época, o jogador já era conhecido por não levar desaforo para o vestiário e pela peculiar indisciplina ao revidar a pressão.
Naquele dia 8 de dezembro de 1966, o que surpreendeu boa parte dos jogadores e os jornalistas presentes no estádio foi a reação de Pelé ao ser expulso. O jogador saiu rindo e dando “adeuzinhos” na entrada do túnel.
Antes de sair, ainda, Pelé jurou aos microfones das emissoras de Rádio que não havia encostado um dedo em quem quer que fosse durante a confusão que se instaurou no campo e que não sabia porque estava sendo expulso.
Depois, nos vestiários, o discurso do Rei mudou e ele confessou brigar na confusão, embora não soubesse quem tinha atingido.
“Entrei na confusão para desapartar, mas, como levasse uns tapas e empurrões, dei, também os meus, ora”, disse à Revista do Esporte na época.