Sabe aquele bom moço, que é amigo de todo mundo, gentil com as pessoas, responsável e cortês? Este era Andrés Escobar. Filho de uma tradicional e abastada família colombiana, ele nasceu em Medellín, capital da Colômbia. Já no colégio, começou a se destacar no futebol. O moleque era bom de bola.
Seu pai era banqueiro e financiava um projeto que permitia a jovens carentes aprenderem futebol e não entrar para o crime. Escobar, já adulto, lutava fortemente para mudar a imagem da Colômbia perante o mundo, mostrando as atrativos e qualidades de seu país.
O primeiro e último clube
Após seu destaque nos campeonatos escolares, Andrés Escobar fixou seu futebol no Atlético Nacional de Medellín. Estreou em 1985, nas categorias de base, e já em 1988 foi para a equipe profissional.
Jogando para o Nacional, venceu a Libertadores de 1989, a Copa América de 1990 e o Campeonato Colombiano de 1991. Vale ressaltar sua brilhante atuação na Copa Intercontinental, em 1989, vencendo o Milan por 1 a 0. Um marco na história do clube colombiano. Seu talento era tanto que o próprio Milan queria levá-lo para a Itália.
Seleção Colombiana
Escobar entrou para a Seleção Colombiana em 1988, já estreando com gol e muito reconhecimento. Foi dele o tento histórico sobre a Inglaterra que, aliás, é o único da Colômbia sobre a seleção da rainha (hoje, rei!) e o único que ele marcou pela sua seleção.
Escobar era destaque do time e apresentava uma carreira promissora, tendo disputado as Copas de 1990 e 1994. Era considerado o “cavalheiro do futebol (El Caballero)”, tamanha era sua gentileza e altivez ao jogar. Como capitão da Seleção, fazia bonito em suas cabeçadas e surpreendia os adversários.
Sentença de morte
Mas nem todos estes predicados foram suficientes para blindar Escobar da fúria da torcida. Na mesma Copa (1994) em que o jogador brilhava por suas jogadas e estratégia, o terrível aconteceu. Contra os EUA (foto acima), donos da casa e sem expressividade alguma no futebol, Escobar cometeu o erro que lhe custou a vida, posteriormente.
Ao tentar bloquear um cruzamento, ele marcou um gol contra (que aliás, foi o único naquela edição do Mundial). O jogador ficou desolado com o gosto amargo da derrota, provocada por ele mesmo, e a torcida enfurecida, pois este erro carimbou o passaporte de volta para casa (ainda na primeira fase da Copa).
“Depois da partida, lembro de ele estar muito triste por este gol contra. Lembro de ele me falar que nunca tinha marcado contra na sua vida, e foi acontecer justo em um Mundial”, detalhou o irmão do craque, Santiago Escobar, em entrevista ao portal Lance! em 2019.
Frio sarcasmo e série na Netflix
Dias depois do regresso, Andrés Escobar estava estacionado em frente a uma casa noturna, em Medellín, quando foi abordado por três homens, que lhe cobravam satisfação sobre o gol contra. Todos empunhavam armas, mas foi Humberto Muñoz Castro quem fez o primeiro disparo contra Escobar.
Foram 12 tiros no total. Com sarcasmo, enquanto alvejava a vítima, o assassino imitava um narrador de futebol, gritando “Goooooooooooooooooooollllllll”. Escobar morreu 45 minutos depois do atentado.
Mesmo sem comprovação efetiva de que o assassinato foi decorrente da derrota na Copa, há indícios de que o crime foi encomendado por apostadores colombianos, que perderam uma bolada com a derrota. Falamos dos irmãos Pedro e Juan Santiago Gallón Henao, que lideravam o Cartel de Medellín. Humberto Muñoz Castro era segurança e motorista dos irmãos narcotraficantes.
Escobar pagou com a vida, o prejuízo alheio, com apenas 27 anos.
A meteórica, porém, curta história de Escobar foi inspiração para a série Gol Contra (foto acima), da Netflix. A série conta o protagonismo da geração de Escobar, no futebol colombiano da década de 90, em paralelo com a violência e criminalidade que assolava o país na época.
