Veterano se foi meses após polêmica com Abel Ferreira: “Morreu triste”
25/08/2023 às 9h20
Aos 78 anos, o jornalista Paulo Roberto Martins, conhecido como Paulo Morsa, faleceu em Atibaia. Após um princípio de infarto, o jornalista não resistiu a uma angioplastia e partiu no dia 19 de junho de 2023.
Abel Ferreira no Palmeiras (César Greco / Palmeiras)Morsa teve passagens pela Rádio Gazeta, Rádio Globo, TV Cultura, Rede Record, Band e Rádio Transamérica; nesta última, ele foi demitido pelo ataque feito contra Abel Ferreira, técnico do Palmeiras.
O português está prestes a completar três anos no comando do Verdão e, durante esse período, conquistou muitos títulos e inimizades em solo sul-americano. Morsa foi uma dessas pessoas que, em um momento extremamente infeliz, teve um ataque de fúria, despejando ódio em Abel.
“Não estou dizendo que ele é mau treinador. Não falei isso. Estou falando que ele como ser humano é uma desgraça, um idiota. Ele é um idiota. Ele é um boçal. Ele não tem educação. Ele é arrogante, ele é prepotente, como ser humano. Não estou falando como técnico de futebol, que ele sabe fazer. Com time bom ou ruim, o esquema dele de retranca será sempre o mesmo”, disparou o jornalista.
Arrependido
Segundo o jornalista Cosme Rímoli, do R7, um dia após o sepultamento do colega, Paulo Roberto Martins teria partido arrependido de sua atitude grosseira para com Abel Ferreira.
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Rímoli não divulgou o autor das falas, mas compartilhou com exclusividade o que esse grande amigo ouviu do falecido jornalista.
“Ele morreu muito triste. Foi muito injusto. Tudo o que ele fez no jornalismo esportivo não pode ficar marcado por um comentário sem pensar. Mas mostrou a força que os clubes têm hoje nos veículos de comunicação”, publicou Cosme Rímoli.
Morsa chegou a se pronunciar publicamente após o ocorrido envolvendo o técnico português.
“Peço desculpas pelas palavras proferidas ao treinador da Sociedade Esportiva Palmeiras, Abel Ferreira. Em momento algum quis ofender a instituição e o treinador, utilizei equivocadamente as palavras naquele momento, peço desculpas também, a todos que se sentiram ofendidos em minha declaração”, declarou o comunicador.
Parceria de sucesso
Durante a sua carreira, Paulo Morsa dividiu a bancada com vários nomes da crônica esportiva, mas nenhum foi tão marcante quanto Milton Neves, que, muito emocionado, publicou uma linda homenagem em blog no UOL no dia 20 de junho.
“Eu tinha uma brincadeira com ele, que se dava da seguinte forma. Morsa dava um pitaco sobre um jogador, falando que ele não vingaria em determinado clube. E, do nada, o atleta começava a fazer um milhão de gols. Aí, quando eu lia no teleprompter o nome desse tal jogador, gostava de emendar um ‘calando Morsa’. Lembram?”, recordou Milton Neves.
“Mas hoje, de verdade, a morte chegou e calou definitivamente uma das vozes mais ouvidas da imprensa esportiva brasileira em todos os tempos! Que Deus te receba de braços abertos, meu amigo! E que por aí você faça [uma] grande tabelinha com outra pessoa fora de série, o grande Osmar de Oliveira. Ave, Morsa!”, concluiu o apresentador.
Boca no trombone
Morsa sempre foi contundente em seus comentários no pós-jogo. Principalmente na Rádio Globo, o comentarista avaliava o desempenho dos jogadores com os conceitos: péssimo, regular, bom ou ótimo.
Dependendo da partida, o melhor momento era proporcionado por ele, declamando seus conceitos, indo na contramão das convencionais notas de 0 a 10.
Em julho de 2013, o jornalista concedeu uma entrevista ao UOL, na qual respondeu de tudo, inclusive sobre o apelido “Morsa”, dado por Milton Neves.
“Nunca me irritei, levo numa boa. Se pega corda é pior. A gente fazia muita brincadeira. Até pelo meu nome que é mais complicado, Paulo Roberto Martins, no ar ficou mais fácil assimilarem isso. Até hoje ficou o Morsa”, comentou.
Na época, Paulo Roberto também falou sobre os ex-jogadores que se tornaram comentarista e, na visão dele, Ronaldo e Caio Ribeiro ficam atrás de Edmundo e Casagrande.
“Para te ser sincero, para comentar futebol, gosto mais do Casagrande e do Edmundo. Não é que eu não goste [Caio, Ronaldo], mas são comentaristas comuns. Acho que o Casagrande e o Edmundo são os únicos que acrescentam alguma coisa”, revelou.