Superstição ou fé: por que a Seleção Brasileira não quis jogar de branco em 58?

Uma das memórias mais dolorosas da Seleção Brasileira aconteceu em 1950.  Na primeira Copa do Mundo realizada no Brasil, a seleção nacional chegou à final, contra o Uruguai, e amargou uma derrotada por 2 a 1.

Antes da partida, boa parte da imprensa especializada já dava o Brasil como campeão, pois a equipe jogava um futebol mais ofensivo e vistoso. O Uruguai, não convidado para a festa, calou cerca de 200 mil torcedores no Maracanã, episódio que ficou conhecido como Maracanaço.

Fantasma

O que muitos não sabem é que a dor ficou marcada profundamente nos jogadores da Seleção Brasileira que estavam na Copa de 1958. O evento, que contou com 16 equipes e foi realizado na Suécia, contava com a Alemanha Ocidental como favorita, já que a equipe havia levado o título em 1954.

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Comandada pro Vicente Feola, a equipe fazia com que Zagallo atacasse e recuasse para marcar no meio-campo, o que deu origem ao esquema 4-3-4. O Brasil se mostrou mais sólido defensivamente e, na frente, contava com a letalidade do tio Pelé-Garrincha-Vavá.

Após duas vitórias na fase de grupos, a Seleção Brasileira enfrentou o País nas quartas de final, vencendo o jogo por 1 a 0. Na semifinal, uma goleada de 5 a 2 na França, o que colocou o time brasileiro na final com a Suécia.

E foi justamente aí que o fantasma do Mundial de 50 assombrou os jogadores, que naquela ocasião, diante do Uruguai, haviam jogado com uniformes brancos. Diante da Suécia, que tinha o equipamento amarelo, um sorteio foi realizado e coube ao Brasil trocar seu uniforme.

Branco, não!

Alguns jogadores do Brasil, especialmente os mais velhos, ficaram cabisbaixos com a decisão de jogar de Branco por lembrarem da derrota do Maracanaço diante do Uruguai.

A saída, então, foi optar pelo azul. O problema é que não havia equipamento suplente. Dois membros da delegação foram ao comércio de Estocolmo, capital sueca, para comprar camisas azuis. Depois, foi “só” arrancar os escudos e números das camisas amarelas e costurar no novo equipamento.

Superstição e coincidência ou não, o Brasil atropelou a Sécia, venceu por 5 a 2 com gols de Vavá x2, Pelé x2 e Zagallo e venceu o seu primeiro título mundial.

Outra versão

Há outra versão que diz que a escolha da cor foi uma homenagem à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil… De acordo com o Padre Victor Hugo, em entrevista ao GE, a ideia foi do chefe da delegação brasileira, Paulo Machado de Carvalho.

– Para estimular os jogadores, o chefe da deleção brasileira (Paulo Machado de Carvalho) disse que jogariam de azul, cor do manto de Nossa Senhora. Fizeram isso em homenagem. Não houve nenhuma comemoração especial por parte da igreja por causa disso. A igreja e o povo ficaram felizes com a conquista do primeiro título – contou o padre Victor Hugo.

Djalma Santos, também presente na equipe, relembrou o episódio.

– Houve um sorteio e o Brasil perdeu. Tínhamos que trocar a camisa. Foi aquele baque. Por que mudar se estávamos ganhando? Então o Paulo Machado de Carvalho (chefe da delegação) e o Carlos Nascimento foram em uma loja e compraram a camisa azul. O Assis (médico) e o Pinheiro (massagista) se meteram a bordar os números nas costas da camisa. Então o doutor Paulo Machado, que era muito esperto, disse para a gente: ‘Vamos trocar pela camisa azul porque é a cor do manto da Nossa Senhora’. Aí acabou o receio de trocar de camisa – disse Djalma Santos.

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