O Santos da era Pelé contou com diversos jogadores talentosos. Entre eles, estava o quarto-zagueiro Joel Camargo, mais conhecido como “Açucareiro” – por ter o hábito de abrir os braços ao correr em campo.

    Joel Camargo, ex-jogador do Santos

    Além de conquistar 14 títulos com o time da baixada santista e de defender a Seleção Brasileira na conquista do Tricampeonato, no México, Joel passou por uma tragédia que mudou sua vida.

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    Opala vermelho

    Joel Camargo, a direita, e Maravilha em 1971

    Embora tenha sido reserva na campanha do Brasil no mundial de 70, Joel ganhou uma premiação em dinheiro, que utilizou para comprar um Opala vermelho, um carrão naquela época.

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    Porém, no dia 22 de novembro do ano da conquista do Tri, seu prêmio tão sonhado se tornaria o instrumento de uma tragédia. O jogador se envolveu em um acidente no bairro do Gonzaga, em Santos. Joel, que estava conduzindo o veículo, bateu contra um poste e ficou seis meses internado em um hospital.

    O pior do acidente aconteceu com a companheira Olga Queijas, de 32 anos, que faleceu na hora. Outras duas pessoas estavam no carro – João Ribeiro Pereira e Dilma Muniz Cardoso, que veio a falecer depois.

    O atleta foi condenado a um ano e oito meses de prisão por homicídio culposo, que cumpriu em liberdade.

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    Histórico e demissão

    Joel Camargo no Santos

    De acordo com a Revista do Esporte do Rio de Janeiro, em publicação em 1970, não era a primeira vez que o zagueiro, então com 26 anos de idade, envolvia-se em um acidente automobilístico.

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    Joel, que estava voltando de um ensaio da escola de samba Império do Samba, de Santos, já havia se envolvido em duas situações e, de acordo com testemunhas, imprimia alta velocidade ao veículo (mais de 140 quilômetros por hora).

    No acidente fatal, que ocorreu na madrugada daquele dia, Joel sofreu fraturas na clavícula, nariz, fêmur e crânio, apresentando o rosto muito machucado. Ele passou por cirurgias no joelho e no tornozelo.

    Após o acidente, os cartolas do Santos não queriam o jogador na equipe. O diretor de futebol Katutoshi Ono encabeçou uma lista de insatisfeitos com Joel, que incluía Mauro Ramos e Pepe. O zagueiro, então, ficou com o passe livre.

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    “Saí do clube por causa da minha imagem negativa. Se eu fosse encarado como um bonzinho, não ganharia o passe, porque ninguém libera jogador que está por cima. Acredito que julgaram que eu seria prejudicial se permanecesse lá”, disse em dado momento segundo o Museu da Pelada.

    Primeiro brasileiro no PSG

    Joel Camargo no PSG em 1971

    Filho de Lourdes Camargo e Antônio Camargo e nascido na cidade de Santos, o menino começou sua carreira no mundo da bola no XV de Novembro, do bairro Marapé. Aos 13 anos, o técnico Arnaldo de Oliveira – Papa – levou Joel para a Portuguesa Santista.

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    Quando tinha 17 anos, o zagueiro foi para o Santos e está entre os 20 jogadores mais jovens a jogar pelo Peixe. Sua última partida pelo clube da Vila Belmiro foi no dia 20 de novembro de 1970, antes do acidente, e seus números no time foram 304 partidas e cinco gols marcados.

    Após o Santos rescindir seu contrato, Joel foi para o PSG e se tornou o primeiro brasileiro a vestir a camisa do time francês, entre o fim de 1971 e fevereiro de 1972. Na sequência, andou por times sem expressão, entre eles o CRB, de onde foi dispensado em setembro de 1973 por cometer indisciplinas e ter ido viajar para “destino ignorado” sem dar satisfações ao clube.

    Joel se tornou uma pessoa agressiva, brigava com companheiros de time, gritava com todos fosse em treinos ou em jogos. O zagueiro também teve uma passagem pelo Saad EC, de São Caetano do Sul, mas, sem brilho, encerrou a carreira com apenas 29 anos de idade.

    Fim na carreira e na vida

    Joel Camargo, ex-jogador do Santos

    Jovem, após abandonar os gramados Joel começou a trabalhar no porto de Santos. Durante 20 anos atuou como estivador e, com 55, aposentou-se. Em um fim de trajetória deprimente, vendeu tudo, até medalhas e troféus.

    Joel lutava contra o alcoolismo e a diabete, que lhe obrigou a amputar um dedo do pé. Sua maior perda, entretanto, foi a morte da esposa Arina Werneck Camargo, em 2009, o que deixou o ex-jogador em um estado depressivo maior.

    O casal tinha uma filha, Simone, que cuidou do pai até o fim. Pouco antes da Copa do Mundo de 2014, que foi realizada no Brasil, Joel faleceu vítima de insuficiência renal.

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