Quem não se lembra do uruguaio Loco Abreu (foto abaixo) cobrando um pênalti com cavadinha em plena Copa do Mundo? O jogo inesquecível, realizado em 2010 contra a seleção de Gana, em plena decisão por pênaltis nas quartas-de-final, colocou o Uruguai na semifinal do mundial da África do Sul.
Loco Abreu atuando pelo Botafogo (Reprodução / Web)Mas, antes de Loco, outros jogadores já aplicavam a técnica na hora de cobrar pênaltis. Em 2006, Zinedine Zidane, na final da Copa do Mundo da Alemanha, também realizou uma cobrança com estilo no jogo contra a Itália.
Messi, Neymar, Sérgio Ramos, Pirlo, Totti, Alexis Sánches, Djalminha, Marcelinho Carioca, entre tantos outros, vez ou outra deixam – ou deixavam – 0 os goleiros desnorteados com as suas cavadinhas. Mas a técnica é bem mais antiga…
Precursor da cavadinha
A primeira cobrança de cavadinha que se tem notícia, ou pelos a primeira que ficou na memória dos torcedores, aconteceu na final da Eurocopa de 1976. Sim, um jogador teve a frieza de realizar tal feito em um momento único.
O jogo, realizado entre a antiga Tchecoslováquia e a Alemanha Ocidental, terminou empatado em 2 a 2, considerando o tempo regulamentar e a prorrogação.
Na hora dos pênaltis, o meia-atacante tcheco Antonín Panenka (foto acima) era o responsável por realizar a última cobrança do seu time. Na batida, a cavadinha, o gol e o título europeu – o único da Tchecoslováquia, que depois foi dividida em República Tcheca e Eslováquia.
O gol (veja no vídeo acima) deixou o mundo boquiaberto e a palavra Panenka ficou reconhecida como sinônimo de ousadia. Aliás, o sobrenome do meia tcheco batiza a jogada nos mais diversos idiomas, entre eles o espanhol, inglês e francês.
Técnica surgiu para ganhar dinheiro
Embora tenha sido aplicada na final da Euro, a técnica surgiu antes. O jogador, que hoje tem 74 anos, defendia o Bohemians Praga, time do seu país natal, e inventou e treinou a famosa cavadinha por dois anos.
“Depois de cada treino, eu costumava disputar uma aposta batendo pênaltis contra o nosso goleiro. Como ele era muito bom, aquilo começou a ficar caro para mim. Então, comecei a pensar em formas de derrotá-lo para recuperar o que tinha perdido”, afirmou Panenka em entrevista ao site oficial da Uefa em 2016.
Sangue frio ou displicência?
Hoje em dia, muitos jogadores marcam seus gols utilizando a técnica. Recentemente, em um jogo da Copinha, o garoto Adyson (foto acima) marcou o gol da vitória do América MG contra o Bragantino com um golaço de cavadinha.
Mas, afinal, a técnica é sinônimo de sangue frio e personalidade ou é displicência e falta de respeito?
Para um dos nomes que fixou a técnica no Brasil, o ex-jogador Loco Abreu, que teve uma passagem marcante pelo Botafogo do Rio de Janeiro, a cavadinha nunca foi um ato de loucura.
“Ato de loucura é dar porrada no juiz, é ir ao treinamento bêbado ou não ir ao treinamento”, disse em entrevista à Globo em 2011.