Rebaixado, time que já deu trabalho no Brasileirão só volta a jogar em 2024
21/07/2023 às 14h24
Sensação nos anos 1990, o Paraná vive um drama. O tricolor só voltará a disputar uma partida em 2024, pela divisão de acesso do paranaense. Conhecido por sua estrutura, o clube foi referência para as demais equipes, contudo, após a virada do século, parou no tempo.
(Oscar Felipe / Paraná Clube)Colecionado um rebaixamento atrás do outro, o Paraná tem em seu histórico seis títulos estaduais e uma Série B em 1992. Após anos na elite do futebol brasileiro, o clube foi rebaixado em 2007 e só retornou dez anos depois.
Voltou para a segunda divisão em 2019, onde jogou em 2020, foi da B para a Série C em 2021 e, por fim, para a última divisão em 2022. Pelo estadual, neste mesmo ano, foi rebaixado para a segunda divisão.
A missão para disputar um calendário nacional é duríssima, por isso o tricolor precisa subir para a primeira divisão do campeonato paranaense para, a partir do estadual, garantir uma vaga na Série D, em 2025.
Beirando a extinção
Diante deste cenário, sem calendário da CBF, quase sem jogos pelo estadual e cheio de dívidas, o Paraná corre grande risco de acabar. O resultado em campo é um reflexo da — inexistente — administração.
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Por mais difícil que fosse, o clube conseguiu se manter enquanto esteve na Série B, já que a cota de cerca de R$ 6 milhões segurava as pontas. Com esse dinheiro e a venda de atletas, era possível investir no futebol.
Durante anos a renda “mínima” escondeu o amadorismo dos dirigentes e a queda para a terceira divisão só escancarou a verdade do clube. Os salários atrasados, jogadores saindo de graça e inúmeras derrotas na Justiça trouxeram o Paraná para a Terra, e não foi simples encarar a realidade.
A cada ação trabalhista quitada, uma nova surgia. Segundo o balanço financeiro de 2022, o total da dívida do Paraná é de R$ 156,3 milhões. Só no ano passado, foram acrescentados à despesa R$ 823 mil.
Sem comando
Em 10 anos, o Paraná é a equipe com mais trocas de técnicos: 24. Um recorde para atestar a gestão do clube. O primeiro a pular do barco foi o ex-presidente Leonardo Oliveira. Depois do descenso para a Série C, o cartola deixou o comando.
As mudanças de presidente se tornaram algo trivial, como uma substituição aos 35’ do segundo tempo. Sergio Molletta assumiu interinamente, porém se afastou para se tratar de COVID-19.
O vice-presidente Luiz Carlos Casagrande, ou Casinha, ocupou o cargo até as eleições. O vencedor foi Rubens Ferreira, que tomou posse no final de 2021.
Além do recorde da troca de treinadores, em 10 anos o clube teve sete presidentes diferentes. Com média de menos de dois anos para cada cartola, o Paraná quer espantar o passado e finalmente virar a chave para o futuro.
Passado brilhoso
Em três meses, Rubão teve que montar o elenco que disputou a segunda divisão paranaense. O time não chegou nem entre os quatro primeiros do campeonato com nível semiamador.
Foram contratados 24 atletas e mais quatro da categoria de base, que já foi motivo de orgulho para o clube. Muitos jogadores saíram do tricolor para o mundo, entre eles um pentacampeão mundial.
A Vila Olímpica utilizada pela base já viveu seus dias de glória. Ricardinho, meia ex-Paraná, Corinthians, Santos, entre outros clubes, é cria do tricolor. O jogador foi convocado por Luiz Felipe Scolari após o corte de Emerson para a Copa do Mundo de 2002, na Ásia.
Outro nome conhecido e que brilhou no futebol nacional foi Thiago Neves. Depois que saiu do Paraná, o meia passou por Fluminense, Cruzeiro e Flamengo.
Com menos relevância, Giuliano (Corinthians), Lúcio Flávio e Ilan construíram uma carreira sólida tanto no Brasil quanto no exterior. Os atacantes Kelvin e Everton também são “Made in Vila” e tiveram boas passagens por clubes nacionais.
Sem lisura
Para o Paraná retomar o caminho das vitórias será necessário muito trabalho e seriedade. A atual gestão vendeu o slogan “transparência e responsabilidade” para se eleger, mas até o momento só ficou no discurso.
É raro ver algum dirigente ou o Rubão se pronunciar sobre os próximos passos do clube, se é que existe um planejamento para sair desse buraco em que o Paraná se encontra. Quando alguém fala, se apoia no velho discurso de pedir apoio ao torcedor, apenas promessas e mais promessas.
Contudo, os paranistas torcem para que o clube seja vendido e se torne uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol). Três empresas nacionais estão avaliando a possibilidade de adquirir o clube, entre elas uma distribuidora de alimentos, uma varejista e uma igreja presbiteriana.