Edilson Pereira de Carvalho decretou o fim da sua carreira como árbitro FIFA em 2005, quando se envolveu em um esquema de manipulação de resultados. A operação ficou conhecida como Máfia do Apito.
Edilson Pereira de Carvalho (Reprodução / Web)Quase dez anos depois de ser condenado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), o ex-árbitro de 60 anos vive com a mãe em Jacareí, interior de São Paulo.
A última vez em que empunhou o apito profissionalmente foi no dia 10 de setembro de 2005, em Volta Redonda, na vitória do Fluminense sobre o Brasiliense por 3 a 0.
Treze dias depois, a Revista Veja publicou a reportagem que denunciava todo o esquema, com uma foto de Edilson estampando a capa. Ali, acabava a carreira de um dos dez árbitros FIFA do país.
O caso foi considerado o maior escândalo do futebol desde o episódio da Loteria Esportiva Federal de 1982, que envolveu jogadores, cartolas e treinadores. Edilson admitiu ter manipulado apenas três jogos, dos onze que foram remarcados.
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Dificuldade para trabalhar
Em longa entrevista ao GE no dia 16 de junho de 2015, o ex-árbitro comentou sobre a dificuldade de encontrar uma nova profissão desde que ficou impedido de apitar partidas de futebol.
“A maioria (das recrutadoras) não sabe o que aconteceu. Muitas são mulheres, não gostam de futebol, muito menos vão lembrar de um árbitro. O que pesa é a idade. Recentemente, fui disputar duas vagas, e o concorrente mais velho tinha 28 anos, eu tenho 52”, declarou Edilson.
Desde então, ele já trabalhou de balconista de lanchonete, auxiliar de produção e conferente. A idade realmente é um empecilho, contudo, dois anos antes de ser deflagrado, Edilson esteve ligado a outra polêmica.
Em 2003, o então juiz foi acusado de apresentar um diploma falso de conclusão do ensino médio para a Federação Paulista de Futebol (FPF), documento obrigatório para exercer a função no Brasil. Sua escolaridade pode ter sido uma barreira na busca de um novo emprego.
Mudança de vida e tentativa de suicídio
Na conversa com os jornalistas, Edilson comentou que chegou a ganhar R$ 3.000 mil por jogo e, por ser um árbitro FIFA, era sempre escalado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e pela FPF (Federação Paulista de Futebol). Após ser condenado, seu padrão de vida caiu drasticamente. Ele ficou sem trabalho, sem dinheiro e sem esposa.
O ex-árbitro e sua ex-mulher, Márcia, acabaram na Justiça, na qual ela acusou Edilson de violência, em fevereiro de 2013, registrou um BO na Delegacia da Mulher em Jacareí.
No Boletim de Ocorrência, Márcia falou que o então esposo tentava “fazer sexo forçado”, além de fazer disparos com uma arma.
“Eu tinha bebido, estava desanimado com tudo, dei um tiro na parede. Depois, apontei a arma para mim mesmo, mas não tive coragem, e atirei no sótão. Ainda me arrependo de não ter feito”, afirmou Edilson, contudo, a tentativa foi quando a ex-esposa e sua filha não estavam em casa.
Vivendo de bicos de garçom, balconista e outros, Edilson tenta se manter. Com alguns processos nas costas, a Justiça tem dificuldade em encontrar bens para penhora de dívidas.