O triste fim de carreira do briguento e polêmico “Pelé Branco”
16/12/2022 às 9h15
O pernambucano Almir Morais de Albuquerque fez fama como Almir Pernambuquinho, atacante, de baixa estatura, mas que sonhava alto.
Pernambuquinho estreou no futebol pelo Sport, em 1956, e logo foi para o time carioca Vasco da Gama, aos 19 anos, seguindo a trilha de seus conterrâneos Vavá e Ademir Menezes.
Versátil e criativo, logo ganhou notoriedade e foi convocado para a Seleção Brasileira, para a Copa de 1958. Mas, um deslize ao deixar de excursionar com o Vasco e sua fama de briguento e encrenqueiro, fizeram com que ele perdesse a chance de ouro de sua carreira.
Segundo o jornalista e técnico João Saldanha, Almir foi um jogador completo, depois de Pelé:
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“Possuía técnica e habilidade apurada e tinha velocidade”, dizia.
Engolido pela Selva de Pedra
Já desacreditado no Rio de Janeiro, mudou-se para São Paulo, em 1960, para jogar pelo Corinthians. De tão habilidoso, foi apelidado de ‘Pelé Branco”, sendo considerado um jogador completo.
Mas a fama não lhe trouxe boas coisas. A boemia e inveja minavam a vida de Almir, que um ano depois, sem muitos feitos no Timão, seguiu para a Argentina, para jogar no Boca Juniors. Sobre sua passagem pelo Corinthians, comentou:
“Despertei para a verdade do futebol, conheci suas grandezas e mesquinharias: o caráter dos cartolas, os riscos da profissão e a corrupção dos juízes”, afirmou.
No Boca, sua passagem também foi morna e cheia de lesões. Após uma contusão grave, ao vencer o Campeonato Argentino, Pernambuquinho queria voltar ao Brasil, mas teve seu pedido recusado pela diretoria do Boca.
Não contente, começou a cavar motivos para sua demissão, com recorrentes brigas e suspensões, e alcançou seu objetivo, seguindo para a Itália para mais uma temporada de frustrações. Passou pelo Fiorentina e Genoa, sem grande expressividade.
Quem dera ser um Peixe
Voltou ao Brasil, agora no Santos, em 1963, no auge da Era Pelé. O time chegou à final da Copa Intercontinental, contra o Milan. No jogo de ida, o time italiano venceu e deu brecha para que o brasileiro Amarildo, que jogava na Itália, desse declarações provocativas contra Pelé.
O briguento Almir foi em defesa do companheiro de time e chamou Amarildo para a briga, no jogo de volta. E estava armada a confusão. Amarildo comprou a briga e já no início do jogo deu uma entrada em Pernambuquinho. Este devolveu, no segundo jogo, com toda a raiva que estava guardada, e ainda fez um gol, na vitória do Peixe por 4 a 2, que acabou ganhando o campeonato.
Fim trágico
Almir voltou a jogar no Rio, no Flamengo. Seguiu no América, onde encerrou sua carreira, que foi interrompida pelos excessos, aos 31 anos. A boemia não levou só a carreira de Almir Pernambuquinho, mas também sua vida.
O jogador morreu assassinado, com um tiro na cabeça, em 1973, no Rio de Janeiro, durante uma briga de bar, entre o jogador e turistas portugueses. Alegando legítima defesa, o português Artur Garcia Soares nunca foi preso.