Narrador perdeu emprego após indicar Luis Roberto à Globo: “Fui sacaneado”

Luis Roberto (Reprodução / Globo)

No dia 27 de janeiro deste ano, o público que ama futebol foi pego de surpresa – Oliveira Andrade, um dos grandes nomes da narração, foi demitido da Band após nove anos na casa.

Luis Roberto (Reprodução / Globo)

Oliveira era o narrador dos jogos de base da Seleção Brasileira na emissora paulista, mas como a Globo de Luis Roberto (foto acima) ficou com os direitos de transmissão do campeonato, o locutor ficou sem espaço. Assim, o profissional foi desligado da TV aberta, mas foi mantido no canal a cabo da empresa, o BandSports.

Essa demissão, mesmo sendo uma surpresa, não chega perto de uma situação constrangedora que ele passou na Globo nos anos 1990.

Fora da Copa

Galvão Bueno, Chico Pinheiro e Oliveira Andrade (Arquivo Pessoal / Oliveira Andrade)

Oliveira fazia parte do time de narradores da Globo e já estava escalado para fazer a Copa do Mundo de 1998, disputada na França. Mas, na última hora, ele acabou sendo substituído.

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“Em 98 estava tudo certo para eu fazer parte da equipe que ia cobrir a Copa da França. Eu já tinha escolhido roupa, feito credenciamento, enfim, estava com tudo ok. Foi quando eles contrataram o narrador Luis Roberto”, contou o locutor ao UOL em 20 de janeiro de 2019.

“Na verdade, a empresa já estava procurando mais um narrador fazia um tempão, eles estavam querendo alguém que pudesse ficar baseado no Rio de Janeiro. E eu mesmo indiquei o Luis Roberto, levei até fitas dele lá para o Marquinho [Marco Mora], que era o diretor em São Paulo, e o contrataram. E resolveram assim, do nada, me tirar do esquema da cobertura da Copa da França”, completou Oliveira Andrade.

“Sem dúvida eu fui sacaneado”

Milton Neves e Oliveira Andrade (Reprodução / Web)

Para piorar a situação, que por si só já era dramática, Oliveira soube da troca através dos jornais; ele não foi comunicado pela Globo.

“Sem dúvida eu fui sacaneado, eu fiquei sabendo pelo jornal que eu não ia… Peguei o jornal ‘Folha de São Paulo’ e tinha uma coluna lá: a Globo já definiu os narradores da Copa da França: Galvão Bueno, Cléber Machado e Luis Roberto”, relatou.

Após esse episódio, ele procurou a direção do canal, afirmando que não tinha mais clima para trabalhar.

“Falei: ‘É o seguinte, não quero mais ficar aqui. Tenho um contrato que vai até fevereiro de 99, mas eu não quero mais continuar aqui do jeito que está. Eu fui sacaneado grandemente, é inadmissível que eu não tenha sido informado do corte’. Demorou um mês para acertar tudo, eles toparam pagar a minha multa rescisória e eu rescindi o contrato”, disse o narrador.

Sem tocar no assunto

Gustavo Villani e Luis Roberto (Reprodução / Web)

Segundo Oliveira Andrade, a amizade com Luís Roberto continua, mas o narrador revelou que nunca falou com ele sobre o episódio.

“Não trocou ideia nenhuma comigo, e isso também me chateou de uma certa forma. Ele vivia me cercando quando a gente se cruzava nos estádios, ele fazendo jogos pela rádio Globo SP e eu pela televisão. Sempre vinha e me dava um toque: ‘Pô, fala lá sobre o meu trabalho, eu já mandei fitas para lá’. Eu me dava bem com ele, e me dou bem até hoje. Só que ele não me procurou, não me disse absolutamente nada”, desabafou.

O problema com a direção

Oliveira Andrade (Divulgação / Band)

Mas Luís Roberto não foi o culpado por sua demissão. Segundo ele, Evandro Carlos de Andrade, diretor de jornalismo da Globo na época, foi contra a renovação do contrato de Oliveira em 1996, que estava com um pé na Record.

Ciro José e Boni bancaram a renovação e o aumento de salário do profissional na época. Mas quando Ciro saiu, Andrade escalou Luiz Fernando Lima para a direção de Esporte e o “troco” em Oliveira foi dado na Copa de 1998, deixando-o de fora do evento.

Lima negou toda a história contada por Oliveira.

“Aparentemente (Oliveira) não está em paz com o seu passado pois se alguma coisa lá atrás deu errado o responsável não foi ele, foram os outros. Meus critérios de seleção de narradores sempre procuraram seguir o que entendi ser o melhor para o público. Fiz isso durante os 17 anos em que dirigi o esporte da Globo – do total de 30 que trabalhei na empresa”, respondeu.

Independente de tudo, Oliveira Andrade merece espaço na TV aberta, seu estilo é único e clássico.

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