O que era para ser um torneio de intertemporada acabou em tragédia. A Supercopa de Futebol Júnior, criada pela Federação Paulista de Futebol (FPF), teve duas edições; a primeira em 1994, e a segunda – e última – em 1995.
Briga na Supercopa de Futebol Júnior, em 1995 (Reprodução / Web)O torneio reunia vices e campeões da tradicional Copa São Paulo. Nesse contexto, Palmeiras e São Paulo chegaram à final. Aquele domingo, dia 20 de agosto, ficou marcado na história, infelizmente, como uma lembrança negativa.
O jogo terminou empatado nos 90 minutos e, pela regulamentação da partida, deveria se encaminhar para o gol de ouro, ou seja, quem marcasse primeiro na prorrogação era o vencedor.
Logo no início, Rogério marcou para o alviverde. Os torcedores foram à loucura com a conquista inédita. Os palmeirenses invadiram o gramado do Pacaembu para celebrar e provocar a torcida rival, que ainda estava no estádio.
O final, que tinha tudo para ser de festa para um lado, terminou em uma verdadeira guerra.
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Guerra campal
A competição organizada pela FPF não isolou o setor do Tobogã, que passava por reforma, e subestimou o histórico das torcidas, que era movido por brigas violentas. Como resultado, poucos policiais foram escalados naquela tarde.
Com um misto de tristeza e raiva, os tricolores se entregaram ao segundo sentimento e decidiram responder às provocações do rival na porrada. Com fácil acesso ao Tobogã, os são-paulinos, munidos de madeiras, ferros e todo entulho possível, partiram para cima dos palmeirenses.
No primeiro momento, a torcida do Palmeiras recuou, mas o maior número foi para o embate. Minutos antes, o gramado do Pacaembu recebeu tabelas, dribles e um gol, para ver na sequência sangue e muita violência.
Ao todo, foram 102 pessoas feridas e uma morte, do adolescente Márcio Gasparin da Silva, de 16 anos, torcedor do São Paulo. Adalberto Benedito dos Santos, palmeirense, foi o responsável pelo homicídio e condenado a 12 anos de prisão – ele cumpriu quatro e passou para o regime semiaberto.
Tapar o sol com a peneira
A família da vítima entrou com um processo contra a Prefeitura de São Paulo, contudo, o judiciário não acatou o pedido de indenização solicitada e não considerou o município culpado pela guerra.
O Ministério Público, então, resolveu agir e decretou o fim das organizadas Mancha Verde e Independente Tricolor. Porém, a medida do MP serviu apenas para tapar o sol com a peneira, uma vez que o CNPJ foi banido, e não os envolvidos na tragédia.
“Naquela época, o Ministério Público ainda não havia iniciado o controle das organizadas, mas o preço da tranquilidade é a eterna vigilância. O jogo requer atenção”, declarou ao UOL em 22 de janeiro de 2022 Fernando Capez, então promotor público.
Enquanto as entidades responsáveis tomam atitudes para ganhar popularidade, as brigas continuam acontecendo. Mesmo com a torcida única nos clássicos, a violência está presente nos arredores dos estádios pelo Brasil.