Magoado, guru deixou de trabalhar com Luxemburgo: “Desconfiou de mim”

Vanderlei Luxemburgo no Corinthians

Vanderlei Luxemburgo no Corinthians (Rodrigo Coca / Agência Corinthians)

Entre tantas parcerias de sucesso no futebol, Vanderlei Luxemburgo protagonizou uma inusitada. O treinador contou com o médium Robério de Ogum como “guru” em diversos momentos marcantes de sua carreira, incluindo a final do Campeonato Paulista de 1993, vencida pelo Palmeiras.

Vanderlei Luxemburgo no Corinthians (Rodrigo Coca / Agência Corinthians)

O guia espiritual estreitou sua relação com o futebol anos antes de acompanhar Luxa. Em 1977, Robério realizou seu primeiro trabalho, com o lendário Oswaldo Brandão, então técnico do Corinthians, que solicitou seu serviço para ajudar seu filho Márcio, gravemente doente.

O jovem médium de 18 anos estreitou os laços com o timão quando o presidente Vicente Matheus viu nele a possibilidade de acabar com a fila de 24 anos sem títulos. Através de muita oração pedindo por orientações das entidades, Robério de Ogum pediu para cavar um buraco atrás de um dos gols do Parque São Jorge.

Foi assim que uma ossada foi encontrada, o que de acordo com o guia espiritual atrapalhava o Corinthians. Segundo o presidente do clube na época, os ossos eram de um sapo, o que Robério não confirmou. De uma maneira ou de outra, o time venceu o estadual daquele ano com um gol de Basílio, encerrando o jejum.

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Início de parceria

Robério de Ogum (Reprodução / Web)

A relação entre Robério de Ogum e Vanderlei Luxemburgo começou quando o médium, em entrevista a uma rádio de Bragança Paulista, afirmou que o Bragantino seria campeão paulista. O Braga estava na semifinal contra o Palmeiras e aquela declaração chamou a atenção do presidente Marcos Chedid.

“Eu fui ao clube conhecer o Vanderlei e ele me perguntou se eu achava mesmo que ia dar Bragantino, e eu reafirmei minha convicção”, contou Robério à ESPN no dia 10 de dezembro de 2019.

Dito e feito, o time eliminou o favorito Palmeiras na semi e venceu o Novorizontino na final, sagrando-se campeão paulista em 1990. Desse dia em diante, Luxa fez questão de ter o guia espiritual ao seu lado.

Entre tapas e beijos

Robério de Ogum no Jogo Aberto, da Band (Reprodução / Band)

Contudo, o relacionamento entre a dupla também teve momentos conturbados. Anos mais à frente, em 1998, Luxemburgo já estava consolidado como um dos melhores treinadores do Brasil e Robério alertou sobre a energia estranha que vinha de Oswaldo de Oliveira, auxiliar técnico de Vanderlei.

“Trabalhamos juntos durante 12 anos, meu caminho era levá-lo até a Seleção. Em 98, ele estava no Corinthians. Tivemos uma conversa e eu disse: ‘Enquanto o Oswaldo de Oliveira estiver com você, eu estou fora. O Oswaldo tem a pretensão de ser você e isso atrapalha o seu caminho.’ Era decisão do Paulista contra o São Paulo e nós perdemos. O Oswaldo permaneceu e eu sai”, afirmou Robério ao UOL em 25 de novembro de 2013.

Ainda assim, o técnico não abriu mão de carregar o auxiliar para onde fosse.

“Um dia o Vanderlei ligou e disse: ‘Vou para a seleção e o Oswaldo vai ficar no Corinthians. Vamos trabalhar, eu preciso de você’. Aí eu neguei porque ele desconfiou de mim naquela época”, explicou o médium.

Banho folclórico

Gilmar Fubá com a camisa do Corinthians (Reprodução / Web)

Diversas histórias surgiram da amizade entre Luxa e Robério. Uma em especial ficou marcada: o banho de rosas do ex-Corinthians Gilmar Fubá.

Quem conta a história é Vampeta, volante conhecido por revelar resenhas entre boleiros que ninguém tem coragem de divulgar.

Segundo Vamp, o médium chamou Fubá para seu quarto para tomar um banho de rosas, alfazema e sal grosso. Tudo para fazer um bom papel marcando o atacante Muller na final do Campeonato Brasileiro de 1998.

“Isso que o Vampeta fala não é verdadeiro, não é o caminho do trabalho. Eu trabalhei com um monte de treinador. Eu nunca trabalhei com jogador, nunca mandei um jogador tomar um banho. O caminho é chegar no treinador e ele falar o time. Então eu rezo pelo time. Vou rezar para que esse treinador tenha mais espírito, possa fazer uma bela preleção. Eu não entendo nada de futebol, eu sei rezar e pedir”, desmentiu Robério ao UOL.

Meias brancas para dar luz

Time do Palmeiras no Paulista de 93 (Divulgação)

Outro episódio marcante entre Vanderlei e Robério de Ogum foi na final do Campeonato Paulista de 1993. O alviverde enfrentava uma fila de 16 anos sem conquistas quando o treinador acionou o médium.

Durante a semana da grande final, o guia espiritual deu uma entrevista à Bandeirantes, no programa de Juarez Soares, e cravou que o Palmeiras sairia do jejum com 3 a 0 no tempo normal e na prorrogação venceria por 1 a 0.

Tratado como louco, o único erro foi dizer que Edmundo marcaria o derradeiro gol, quando Evair que foi às redes.

Durante a preparação do jogo, Robério benzeu todos os uniformes do Palmeiras. O conjunto consistia em camisa de manga longa, calções e meias brancas para dar luz ao time.

O final foi feliz para Vanderlei, Robério e os milhões de palmeirenses que, até hoje, se apegam aos meiões brancos em decisões.

Longe do futebol, o médium contribuiu com diversos times e outros esportes por 40 anos. Hoje se reserva a ser um mero espectador.

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