Na história das Copas do Mundo, um simples lance, uma cabeçada, uma falta e até um tiro de meta definiu uma partida e um título de uma seleção. Quem acompanha um jogo das arquibancadas faz de tudo para empurrar o time para a vitória, até invadir o campo para impedir um gol, algo que passou pela cabeça de torcedores e de um jornalista.
Em 1990, o Brasil completava 20 anos de sua última conquista – o Tri na Copa do México, em 1970. Naquele ano, o técnico Sebastião Lazaroni levou Taffarel (foto acima), Careca, Alemão, Muller, Mozer, entre outros, para tirar a seleção da fila. Mas esse objetivo ficou apenas na vontade.
Uma seleção fraca
Com três vitórias simples na fase de grupos, a seleção deixou pelo caminho Suécia (foto acima), Costa Rica e Escócia.
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Já nas oitavas de final, enfrentou a Argentina, que quase ficou de fora no mundial. Com várias chances desperdiçadas, Maradona, que estava machucado, desequilibrou-se, fez um passe brilhante para Caniggia, que driblou Taffarel e tirou o Brasil precocemente da Copa. Essa foi uma das piores campanhas do time canarinho em mundiais.
A Globo preparava uma grande equipe para o mundial de 1990, mas tudo mudou quando veio, no mês de março daquele ano, o Plano Collor, que ficou marcado pelo confisco das poupanças. Com a equipe bem reduzida, a emissora foi para a Itália com poucos repórteres, entre eles, Luiz Fernando Lima.
“Você salva não apenas a Copa, mas salva a TV Globo”
Lima fazia parte de uma equipe de reportagem “volante”, gravando matérias de vários jogos, sem descanso. O jornalista estava presente no jogo em que o Brasil foi eliminado, e, em entrevista ao projeto Memória Globo, ele contou o que teria feito para salvar a seleção e a Globo.
“Eu estava atrás do gol do Brasil, dentro do campo, no jogo que o Brasil perdeu para a Argentina. A bola entrou ali a poucos metros de mim. Sempre dá aquela vontade e você pensa: ‘eu deveria ter feito igual aquele repórter do interior: o cara entra correndo e chuta a bola’. Você salva não apenas a Copa, mas salva a TV Globo, salva a nação desse episódio, daquela coisa maluca. Mas você vê a bola entrar, e o Brasil perde a Copa”, relatou o jornalista.
Mas a realidade é que o Brasil foi desclassificado cedo demais e a Argentina seguiu seu caminho até a final. Mas, a Alemanha, de Franz Beckenbauer, levou a melhor e ganhou o tricampeonato em cima de “los hermanos”.
Luiz Fernando Lima participou de grandes coberturas e, em 1995, tornou-se diretor de projetos e desenvolvimento da Central Globo de Esportes, criando programas e projetos para a TV Globo, SporTV e o site Globo Esporte. Saiu da emissora em 2013 para criar uma consultoria de marketing esportivo.
Deixando o espírito esportivo de lado
Invadir o campo para evitar o gol do time adversário não é uma novidade – gandulas, jogadores e outros profissionais já fizeram isso, causando alvoroços entre atletas e comissões técnicas.
Um caso conhecido foi em setembro de 2013, quando Tupi e Aparecidense faziam uma partida decisiva nas oitavas de final do Campeonato Brasileiro da série D. O primeiro jogo terminou empatado em 1 x 1. Já na volta, a partida estava 2 x 2.
No final do jogo, um jogador do Tupi fez um bom lance e chutou ao gol, decretando a vitória de seu time. Mas o massagista do Aparecidense, Romildo Fonseca da Silva, estava do lado do gol, e, sem titubear, entrou no campo e tirou a bola, para desespero dos jogadores rivais que o perseguiram até o vestiário.
A partida acabou empatada, mas fora do campo seguiu até o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O Aparecidense foi excluído da série D e o Tupi foi classificado para as quartas de final. Hoje, de acordo com as regras futebolísticas, se isso ocorrer, o time prejudicado tem direito a um pênalti. Fica a dica para os possíveis “salvadores da pátria”.