Quem não quer ser comparado com Pelé, o Rei do Futebol, o maior jogador de todos os tempos e detentor de feitos que, dificilmente, alguém vai conseguir superar?
Luís Carlos de Freitas, atacante do Santos da mesma época do maior jogador santista de todos os tempos, não gostava nada das comparações e de ser chamado de Pelézinho…
Feijão
De acordo com o jogador, em entrevista para a Revista do Esporte do Rio de Janeiro, ser comparado ao colega de equipe na época não lhe trazia benefício algum.
“O que se pode esperar de um Pelézinho? No mínimo grandes jogadas, senão jogadas geniais”, explicava o atleta.
“E eu tenho autocrítica e sei que tenho muito a aprender ainda na profissão. Acredito no meu futebol, sei que posso ser titular no Santos com um pouquinho de sorte, e espero, aliás, que isto não esteja muito longe de acontecer”, completou em entrevista ao periódico.
De acordo com o atacante, ele preferia ser chamado de Luís Carlos, o que faria com que as coisas corressem melhor para ele.
“Se quiserem me chamar por apelido, chamem-me de Feijão. Eu prefiro…”, completou.
Filme culpado
Nascido no dia 17 de agosto de 1946, Luís Carlos começou sua carreira no time infanto-juvenil do Palmeiras, em 1962. Dois anos depois, tornou-se profissional na do clube.
O jogador ficou mais conhecido quando participou de um filme sobre a vida de Pelé. Ele foi convidado pelos produtores para viver o famoso jogador quando jovem, daí o apelido Pelézinho.
De acordo com Luís, o fato de ser sido escolhido para O Rei Pelé, por ser negro e ter os olhos de Pelé, fez com que sua carreira fosse prejudica. Tudo porque as pessoas esperavam dele a mesma magia dentro das quatro linhas.
“Depois do filme queriam que eu jogasse o mesmo que o Rei”, dizia.
Indagado se ganhou dinheiro com a produção, o jogador aspirante a ator não titubeou.
“Um pouco. Afinal, eu não era o artista principal do filme. Valeu apenas pela promoção que tive, fiquei conhecido e não me foi difícil conseguir um clube logo que sai do Palmeiras. Fui para o Santos”, afirmou.
Carreira
Luís Carlos de Freitas, Luís Carlos Feijão ou simplesmente Pelézinho foi revelado pelo Nacional, antes de ir para o Palmeiras. Após vários empréstimos autorizados pelo alviverde, passou pelo Corinthians e, depois, chegou à Vila Belmiro.
Após alguns meses no Santos, foi emprestado ao Olaria, do Rio de Janeiro, onde jogou com Afonsinho, o primeiro jogador livre do futebol brasileiro, Luiz Carlos Beleza e Haroldo.
Mais tarde, o Santos vendeu o seu passe para o Belenenses, de Portugal, onde ele brigou pela artilharia da competição ao lado de Eusébio.
“Foram os melhores anos da minha vida. Era um rei em Lisboa e, na despedida do Gento, do Real Madrid, no estádio Santiago Bernabeu, fui convocado pela FIFA como titular da Seleção da Europa. Joguei muito; fiz um gol; me senti como um Ronaldinho Gaúcho hoje e acertei contrato com o Valencia”, disse Feijão em entrevista ao site Terceiro Tempo.
Na volta da partida, Feijão só precisava cumprir um último jogo de tabela pelo Belenenses, já que seu time havia terminado o Campeonato Português de 1973 em terceiro lugar. Mas, num acidente de jogo, o atacante teve o fim de carreira decretado.
“Aí, numa bola cruzada, subi de cabeça e o goleiro também. Cheguei primeiro e desci. Nisso o goleiro caiu encima da minha perna direita, estendida. O barulho ouço até hoje. Quebrou tudo. Encerrei a carreira e até hoje manco. Minha perna é igual à de Garrincha?”, disse na mesma entrevista.
O jogador, que realizou o feito de marcar o primeiro gol do estádio José Lancha Filho, de Franca (SP), quando jogava pelo Corinthians, em 1969, tornou-se despachante policial credenciado do Detran-SP em 1976, após encerrar a carreira.
Feijão faleceu no dia 20 de abril de 2011, vítima de complicações por pneumonia, em São Paulo. Após ter sido internado na semana anterior, o jogador havia ido para casa após melhora, mas acabou sucumbindo.
