Juan Angel Obelar tinha 34 anos quando um acidente decretou o final de sua carreira. O goleiro uruguaio estava na reta final de sua jornada no futebol, mas ainda não pensava em aposentadoria.
Em novembro de 2013, Obelar estava aguardando seu cunhado para terminar a construção de uma mesa para sua casa. Com pressa, o ex-jogador do Peñarol não esperou o parente e, sem nenhuma experiência, foi operar a máquina de carpintaria.
Quando o ex-goleiro tentava limpar o maquinário, acabou tendo sua mão esquerda sugada pelo equipamento, perdendo quatro dedos. Ao jornal El Pais, do Uruguai, Obelar contou como foram os primeiros dias após a cirurgia que precisou realizar.
“Em alguns momentos, estou decepcionado e com dor. Em outros, perdido. De noite, por vários momentos, eu dormia e despertava com a minha imagem agarrando a mão no momento do acidente. Isso me perturbou bastante”, revelou o ex-arqueiro.
Apressado come cru
Para o caderno Ovación, do periódico uruguaio, Juan Obelar deu detalhes do acidente doméstico que o tirou do futebol.
“Meu cunhado havia dito que não estaria na carpintaria, mas eu insisti e disse que só faltavam três tábuas para concluir o trabalho. Como o vi trabalhar, pensei que sabia mexer na máquina. Cortei a primeira tábua e fui limpar a máquina, que tem uma serra giratória”, iniciou sua explanação.
Quando ele percebeu, era tarde demais. A máquina havia tomado sua mão em fração de segundos.
“Acabei ficando com a mão presa. Foi um segundo. Apertei a mão e saí correndo pela rua. Não estava doendo, não sentia nada. Comecei a sentir algo bem depois”, explicou.
Além do choque de ter que parar de exercer a sua profissão, o ex-atleta teve que lidar com o susto dos filhos Gonzalo e Bruno.
“Meus filhos estão em choque. Segunda-feira foi um dia terrível e eles ainda não voltaram a me ver”, contou Juan Obelar.
Passagens por Colômbia e Honduras
Obelar começou sua trajetória no futebol no gigante sul-americano Peñarol, em 2002. Sem muitas oportunidades, o jovem arqueiro foi emprestado ao Villa Española, também do Uruguai.
Após retornar do empréstimo, ficou no Aurinegros até 2006, quando deixou de vez o pentacampeão da Libertadores para defender o Tacuarembó Fútbol Club.
Depois de uma temporada, Obelar decidiu que era a hora de se aventurar fora do país e escolheu o Club Deportivo Marathón, de Honduras. Pelo Marathón, conquistou seu primeiro título, a Liga Nacional, equivalente à série A do Brasileiro naquele país.
Foram duas temporadas no futebol de Honduras até ser vendido ao Millonarios da Colômbia, em 2010. No ano seguinte, retornou ao seu país de origem para defender o Fênix, seu último clube antes do acidente.
Retorno para Honduras
Quase dez anos após perder os dedos da mão esquerda, Juan Obelar retornou ao país onde conquistou seu único título. Dessa vez, para ser o assistente técnico do treinador Manuel Gregorio Keosseian.
A passagem, que começou em março de 2022, durou pouco. Em setembro do mesmo ano, o auxiliar técnico deixou o clube com uma carta para os torcedores.
“A todos os torcedores da Marathón e ao público em geral, quero informar que estou deixando o time por motivos familiares. Infelizmente hoje a equipe precisa que estejamos mais unidos do que nunca, mas por motivos pessoais hoje tenho que me afastar. Espero que não seja um adeus, mas até logo. Marathón é minha casa e lhe devo o maior respeito. Sinto um grande compromisso com o clube e é uma obrigação estar 100%. Quero agradecer a toda diretoria, comissão técnica, jogadores e dirigentes pelo momento vivido”, publicou Obelar.
