Goleiro brasileiro que jogou pelo Equador queria bater em dirigente

Helinho, goleiro do América RJ

Hélio Carreiro da Silva, mais conhecido como Helinho, foi um goleiro que atuou entre 1960 e 1978. Nascido no Rio de Janeiro em 30 de outubro de 1941, foi nacionalizado equatoriano em setembro de 1965, às pressas, para defender a seleção daquele país. O goleiro Pablo Ansaldo estava lesionado e Alfredo Bonnard não reunia condições de jogo.

Após defender o Equador, Helinho passou por diversos clubes, entre eles Barcelona de Guayaquil, Bangu, Campo Grande (RJ), Náutico, River (PI) e América (RJ), onde viveu um momento de completa insatisfação.

No início dos anos 70, o jogador foi comprado pelo América, deixando então o time do Campo Grande. Na ocasião, o goleiro estava completamente infeliz no novo clube e, por pouco, não perdeu a razão.

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Prestes a bater no dirigente

Na época, o então goleiro afirmou em entrevista que, se soubesse tudo que iria passar no América, não teria saído de onde estava. Ele declarou, inclusive, que passou “o diabo” e que já não aguentava mais, pedindo para sair do clube o mais rápido possível e ir jogar em qualquer outro time, o primeiro que aparecesse.

“Logo a princípio, com pouco tempo de clube, quase acabei perdendo a cabeça e agredindo Gérson Coutinho (dirigente), que após uma derrota do clube me criticou duramente”, afirmou em entrevista à Revista do Esporte em 11 de dezembro de 1970.

“Na frente de todos, no vestiário, dizia em alto e bom som que, com um goleiro igual a mim, o América não podia mesmo ganhar de ninguém. Que o problema do clube era ter um bom arqueiro e não um frangueiro qualquer. Ora, se essa era a opinião dele a meu respeito, por quê consentiu que o clube comprasse o meu passe? Eu não pedi para vir…”, completou.

Até então, Helinho nunca fora acusado de frangueiro. Vindo do Campo Grande, o jogador se apresentava em grande forma e, no Equador, onde defendeu o Barcelona, era ídolo nacional.

Venda de jogo

Sem muita sorte no América, o goleiro ainda era seguro e tranquilo, não demonstrando abatimento diante dos piores momentos da partida. Mas a situação do jogador ainda estava prestes a piorar.

“Depois de me sacrificar durante todo o campeonato, jogando com o joelho machucado, fui acusado de venal e o clube não me defendeu. Esqueceu tudo o que fiz, jogando sem condições, pois o Jonas (outro goleiro) estava ainda em pior situação que a minha”, revelou.

Helinho foi acusado, mesmo sem saber por quem, de vender um jogo entre América e Vasco da Gama (foto acima), onde seu time perdeu por 3 a 2. Apesar de assumir que não esteve bem na partida, o goleiro não admitia ser acusado de vender o jogo.

“[…] o Departamento Médico do clube pode provar que eu não tinha condições perfeitas para atuar. Mas era um jogo importante e joguei. Os boatos surgiram (ninguém sabe de onde, como sempre) e esperei que o América tomasse a minha defesa. Nada correu. Pedi uma declaração oficial do clube. Nada feito, também. E, por fim, fico barrado do time, sem mesmo entrar na regra 3. Isso significa o quê? Que o clube aceita a infâmia que atiraram contra mim? Pois eu não”, disse indignado à Revista do Esporte.

Mudança

Indignado e insatisfeito, Helinho fez a denúncia pública, dizendo que no América não ficaria mais.

“Quero ir para outro clube e provar que sou um profissional correto e honesto. E de qualidades técnicas”, afirmou o jogador.

De acordo com ele, não queria passar pelo mesmo que passou Veludo (foto acima), que sofreu do mesmo problema.

“Eu não! Vou reagir! Se meu clube não tem coragem de tornar público o fato, eu o faço e duvido que alguém possa confirmar algo de desabonador sobre minha conduta. Tenho vergonha de estar no América”, finalizou Helinho.

O jogador saiu do América e foi para o Bangu e, na sequência para o Náutico. Em 1971, voltou ao América pela última vez. Depois, passou por vários clubes, entre eles Bangu (novamente), Uberlândia, Náutico, Rio Negro (AM) e Remo, onde encerrou a carreira em 1978.

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