Falência: como foi o triste fim do canal que tirou Galvão Bueno da Globo

Galvão Bueno

Galvão Bueno (Reprodução / Globo)

Se engana quem pensa que Galvão Bueno deixou a Globo pela primeira vez ao final da Copa do Mundo de 2022. O narrador, marca registrada no esporte do canal durante vários anos, já havia deixado a empresa no passado.

Galvão Bueno (Reprodução / Globo)

No início dos anos 80, a emissora OM (Organizações Martinez) chegou quebrando a banca, tornando-se a única rede nacional de televisão com sede fora do eixo Rio-São Paulo – ficava em Curitiba.

Fundada pelo político e empresário José Carlos Martinez, a OM ficou conhecida pelos programas de cunho político. O surgimento da emissora aconteceu durante o fechamento de outras, como TV Tupi e Tropical.

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Logo no primeiro ano de sua existência, em 1982, uma polêmica assolou os corredores da empresa. Funcionários buscaram o sindicato dos jornalistas depois de receberem cheques sem fundo para pagamento de salário.

Galvão Bueno no Imprensa na TV, na Rede OM, em 1992 (Reprodução / Web)

Mais tarde, dez anos após a inauguração, em 1992, a OM convenceu Galvão Bueno a deixar a Globo, oferecendo um papel como sócio na área de esportes.

A decisão pegou todos de surpresa, pois o narrador abria mão dos Jogos Olímpicos de Barcelona e da temporada da Fórmula 1, que contava com a maior estrela brasileira da modalidade, Ayrton Senna.

Treta com Galvão

Galvão Bueno e Lúcia Ferro (Reprodução / Web)

O relacionamento não durou muito. Em menos de um ano, Galvão estava prestes a voltar para a Rede Globo. E, se perder um dos melhores narradores não fosse o suficiente, a OM teve que encarar o ex-sócio na Justiça.

Em matéria publicada pelo Jornal do Brasil, no dia 12 de março de 1993, Galvão e sua primeira esposa, Lúcia Galvão Bueno, explicaram os motivos de deixar a emissora paranaense.

Após receber uma sequência de cheques sem fundo, o casal se viu sem saída, tendo como única opção entrar na Justiça com um pedido de falência e outro solicitando a cassação da concessão do canal.

“Ali percebi que teríamos sérios problemas. Nada do que foi acordado estava sendo cumprido. E nem mesmo todo o dinheiro que o governo Collor colocava na televisão aparecia”, afirmou Lúcia.

O narrador alegou quebra de confiança com seu ex-sócio, o que deixou a situação insustentável.

“Fiquei na OM 11 meses e saí porque houve uma quebra de confiança. Eles não cumpriram o prometido, a dívida que contraíram comigo se avolumou e eu não sentia mais nenhuma honestidade por parte deles. Não me pagavam o que me deviam, os cheques sem fundo se acumulavam, não tinha mais nenhuma possibilidade de continuar lá”, falou Galvão.

Falência

Galvão Bueno e Tiago Leifert (Reprodução / Web)

Além dos problemas com seus funcionários e com Galvão Bueno, a OM enfrentou problemas políticos. Envolvido em esquema de corrupção ligado ao ex-presidente Fernando Collor, líder do plano de desvios de verbas públicas, PC Farias teve seu nome ligado à Rede OM.

Uma das últimas crises da emissora ocorreu em 1993, com a exibição do filme Calígula, para maiores de 18 anos. Na época, houve pressão do público, mas ainda assim o longa foi ao ar.

Devendo a muitas pessoas e depois de dispensar 100 jornalistas de uma vez, a Rede OM decretou falência, dando lugar à CNT. A emissora paranaense fechou as portas dia 23 de maio de 1993.

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