Campeão Paulista pelo Palmeiras em 2008, o ex-atacante Jorge Preá chegou ao alviverde como uma aposta de Vanderlei Luxemburgo para ser alternativa aos titulares Alex Mineiro e Kleber Gladiador.
Diego Souza e Jorge PreáCom apenas um gol marcado com a camisa do alviverde, contra a Portuguesa no Palestra Itália, Preá deixou o time na temporada seguinte para jogar em clubes como Athletico Paranaense, Bragantino, Mogi Mirim, entre tantos outros.
O atacante teve uma experiência no futebol sul-coreano antes de pendurar as chuteiras em 2018, quando jogou pelo Real Ariquemes, do Distrito Federal. Com uma carreira modesta, a passagem pela Coreia do Sul poderia render uma aposentadoria tranquila, mas isso não foi possível.
Jorge Preá continua na ativa, contudo, não veste o mesmo uniforme de outrora. Hoje, Jorge Arnaldo Pereira trabalha limpando os bueiros da cidade de São Paulo. De cabeça erguida, o ex-jogador não tem vergonha da profissão que exerce.
“Não tenho melindre nenhum de estar trabalhando neste serviço, de estar atrás do pão de cada dia. Trabalhar não é vergonha para ninguém”, contou Preá ao UOL em 20 de janeiro de 2020.
Família em primeiro lugar
Ainda em entrevista ao UOL, o ex-atacante revelou que decidiu largar o futebol por não receber os salários. Casado e com filhos para criar, Jorge Preá aceitou o desafio da nova profissão.
“Nunca me senti menosprezado. Meu filho mais velho [Kaique, de 15 anos] gostaria que eu voltasse a jogar, mas ele sabe no que o pai trabalha e nunca foi problema. Falo para todo mundo: tem que trabalhar. Não tem essa de joguei no Palmeiras dez anos atrás. Isso não vai me dar dinheiro”, revela Preá.
Orgulhoso por ajudar a deixar a cidade mais limpa, o ex-atacante topa com ratos e escorpiões com frequência, mas nem por isso deixa de executar a tarefa. Sobre sentir vergonha, Jorge diz que vergonha é quem joga lixo na rua, contribuindo para enchentes e tragédias.
A vaga surgiu após o convite de um familiar e, logo de cara, o trabalhador gostou. Com pouca burocracia e salário – entre R$ 4 mil e R$ 5 mil – caindo em dia, o ex-atacante celebra a nova fase.
Renda extra
Se no mundo do futebol profissional Jorge Preá não está na ativa, na várzea ele continua deixando seus gols. O futebol amador é a forma de engordar a renda da família.
“O pagamento vai de R$ 200 até R$ 350 por jogo. Eu faço cerca de R$ 700 por final de semana”, conta Preá.
Ainda que o padrão de vida tenha mudado, Jorge conseguiu atingir dois objetivos durante a carreira como jogador: um apartamento para sua mãe e a casa própria.
“Com o primeiro contrato que fechei, comprei uma casa para minha mãe. Um apartamento, na real. Era prioridade. Antes de me aposentar, construí minha casa”, finalizou.