Crise de hemorroida mudou história de Galvão Bueno dentro da Globo

Galvão Bueno

Narrador Galvão Bueno (Reprodução / Globo)

Um dos maiores narradores esportivos de todos os tempos, Galvão Bueno se desligou da Globo para trilhar um novo caminho na carreira. À frente do Canal GB, no YouTube, o profissional entrevista personalidades do mundo da bola e faz comentários sobre o cenário esportivo.

Narrador Galvão Bueno (Reprodução / Globo)

Titular indiscutível do microfone do canal carioca nas últimas três décadas, Galvão narrou seu primeiro jogo do Brasil numa Copa do Mundo pela emissora por obra do acaso.

Sucessor de Osmar Santos

Com a saída de Luciano do Valle da Globo, após a Copa de 1982, Galvão, na casa desde 1981 e em plena ascensão, foi apontado como seu sucessor natural.

Mas a Globo optou por Osmar Santos, que já tinha carreira consolidada no rádio paulista e foi um dos principais nomes da campanha das Diretas Já, em 1984, além de apresentar programas como o noticiário diário Globo Esporte e o game show Guerra dos Sexos, nas tardes de domingo.

Osmar foi escolhido para ser o principal locutor da Globo nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, e na Copa de 1986, disputada no México. No entanto, vale ressaltar que Galvão narrou momentos importantes nessa época, como jogos da própria Seleção Brasileira em 1985 e a final do campeonato brasileiro desse mesmo ano, entre Coritiba e Bangu.

“A Globo apostou em Osmar Santos. Ele foi ser o primeiro narrador, o Galvão passou a ser o segundo e eu fui o terceiro. Houve muito bate boca, muita confusão, mas eu fiquei de fora. O Armando Nogueira era a favor do Galvão e o Boni a favor do Osmar”, disse Luiz Alfredo em entrevista ao blog UOL Esporte vê TV, em junho de 2015.

Hemorroidas

Galvão Bueno no Globo Esporte (Reprodução / SporTV)

Dessa forma, Galvão, que ostentava um estiloso bigode, narrou, por exemplo, a cerimônia de abertura da Copa, mas a partida inaugural, empate entre Itália e Bulgária, foi feita por Osmar, que também comandou a transmissão da estreia do Brasil, no dia seguinte, com uma vitória magra por 1 a 0 contra a Espanha.

No livro “Osmar Santos, o milagre da vida”, escrito por Paulo Mattiussi, o jornalista Marco Mora (1946-2018), então editor da Globo naquela Copa, conta o que aconteceu:

“Quando chegou ao México, ele [Osmar] teve uma crise de hemorroidas, ficou quase todo o tempo em tratamento no hotel”.

Dessa forma, coube a Galvão Bueno narrar o segundo jogo do Brasil – nova vitória pelo placar mínimo, desta vez contra a Argélia. Foi seu primeiro jogo da Seleção numa Copa pela Globo.

“Osmar voltou na transmissão seguinte, mas muito se cogitou que sua ausência tivesse sido causada pelas discordâncias internas”, completou Mora no livro.

Elogios da crítica

Galvão Bueno e Fátima Bernardes (Reprodução / Globo)

Daí em diante, Osmar Santos se recuperou e continuou como titular dos jogos da Seleção: 3 a 0 contra a Irlanda do Norte, fechando a primeira fase; a goleada de 4 a 0 contra a Polônia, nas oitavas de final; e a eliminação, nos pênaltis, contra a França, nas quartas de final, após empate em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação.

No mesmo torneio, Osmar narrou as quartas de final entre Argentina e Inglaterra, quando Diego Armando Maradona teve sua melhor atuação na carreira, fazendo dois gols (um deles com a mão e o outro de placa), e a final do campeonato, entre Argentina e Alemanha, que deu o segundo título mundial aos nossos vizinhos.

Apesar de não ter feito os principais jogos, Galvão foi bastante elogiado pela crítica.

“Nas transmissões dos jogos, a melhor narração continuou a ser, de longe, a de Luciano do Valle, da Bandeirantes, seguido de perto por Galvão Bueno, da Globo”, disse o Jornal do Brasil de 29 de junho de 1986, fazendo um balanço das transmissões da Copa.

Titular desde 1990

Galvão Bueno em 1993 (Luciana Whitaker / Folhapress, via UOL)

Pouco depois da Copa, Osmar deixou a Globo e foi para a Rede Manchete, onde comandou as transmissões de eventos como a Olimpíada de 1988, em Seul, na Coreia do Sul, e a Copa do Mundo de 1990, na Itália.

Em 1994, o narrador sofreu um grave acidente automobilístico no interior paulista, com danos cerebrais que encerraram precocemente sua carreira. Há muitos anos, se dedica à pintura.

Já Galvão se tornou o titular do microfone da Globo após a Copa de 1986 – com uma breve saída da emissora entre 1992 e 1993, quando se aventurou na novata Rede OM. A Copa de 90, na Itália, foi a primeira onde ele foi o principal narrador do canal, comandando abertura, jogos do Brasil e final, além de outras partidas importantes.

O locutor transmitiu pela Globo todos os jogos do Brasil nas Copas de 1990, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, sendo amado ou odiado pelo público.

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