Ex-atacante do Vitória, Alex Alves jogou por muito tempo encobrindo uma grave doença para sustentar a família. A única pessoa do seu círculo que tinha conhecimento era sua filha Alexandra.
Alex Alves e família (Reprodução / Web)Alex despontou no Vitória junto a uma geração especial. No rubro-negro baiano, jogou ao lado de Dida, Vampeta, Paulo Isidoro, Junior e Alex.
A garotada chegou à final do Campeonato Brasileiro de 1993 contra o Palmeiras e acabou a competição como vice-campeã.
Paulo Isidoro e Alex foram vendidos para o Palmeiras e se consagraram campeões nacionais em 1994. Alex teve menos destaque que o colega, ficava mais no banco e acabou sendo negociado para o Juventude e, na sequência, para a Portuguesa.
Na Lusa, o atacante reencontrou o bom futebol, sendo vice-campeão brasileiro mais uma vez. Habilidoso e goleador, o atacante se destacava pela sua comemoração com golpes de capoeira.
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Três vezes vice
Além de ser vice por Vitória e Portuguesa, Alex Alves também foi vice do Brasileirão pelo Cruzeiro, em 1998. Foi na raposa, aliás, que ele viveu sua fase artilheira: 45 gols em 100 jogos.
Pelo Cruzeiro, Alex Alves conquistou a Recopa Sul-Americana e o Campeonato Mineiro. As duas temporadas em alto nível lhe rendeu uma transferência para a Europa.
Pior contratação da Alemanha
Hertha de Berlim foi o destino do baiano, onde, entre altos e baixos, conquistou a Taça da Liga Alemã na sua última temporada pelo clube.
Outra “conquista” foi a alcunha de pior contratação da história do futebol alemão segundo a imprensa.
Além disso, Alex Alves chegou a ser autuado duas vezes por dirigir sem carteira de motorista e em alta velocidade.
Mesmo com a passagem turbulenta, um dos 35 gols que o atacante marcou pelo Hertha é lembrado até hoje. No clássico contra o Colônia na temporada 2000/01, após a saída de bola, o atacante chutou do meio de campo, encobrindo o goleiro adversário. O lance ficou marcado como o “gol do século” e o time virou a partida por 4 a 2.
Doença complexa
Após o Hertha, Alex Alves quis voltar para o Brasil, mas a ex-mulher do atleta, Nadya França, não achava uma boa ideia. Segundo ela, o atacante deveria persistir no Velho Continente, pois os clubes brasileiros passavam por uma crise e atrasavam salários de vários jogadores.
“Eu não achei certo sair da Alemanha, porque lá fora se vivia muito bem. No Brasil, os clubes estavam falidos”, relembrou Nadya para o UOL em 18 de maio de 2023.
A decisão de voltar ao país foi o motivo da separação do casal e foi também quando a decadência começou.
Depois de Atlético Mineiro (2003-2004) e Vasco (2004), Alex não parou em mais nenhum clube. Anos depois, em meados de 2007, o atacante descobriu a doença: hemoglobinúria paroxística noturna.
A complexidade não fica só no nome. A doença impactava diretamente na medula óssea, além de comprometer a fabricação de sangue.
A partir daí, os custos foram aumentando, o ex-jogador não conseguia mais sustentar a família e recorreu aos amigos da época do Vitória para se manter.
Em 2012, no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, Alex Alves foi internado para o tratamento de câncer e transferência de medula. Seu irmão foi doador, a cirurgia acabou bem, mas o futuro foi duro com o atleta…
Porém, o organismo começou a rejeitar as células do órgão doado o que resultou em falência múltipla de órgãos. Alex Alves faleceu em 14 de novembro de 2012.