A carreira de Pedrinho, ex-jogador de Vasco e Palmeiras, não atingiu às expectativas de quando ele surgiu no Gigante da Colina. A ótima visão de jogo e a batida diferente na bola do meia canhoto não foram suficientes para que o atleta superasse a doença do século: depressão.
Pedrinho (Marcelo Sadio / Vasco)Bom de bola, Pedrinho teve que lidar com lesões seguidas, que afetaram não apenas o seu físico, mas também seu psicológico. A primeira manifestação da doença aconteceu quando o ex-jogador chegou ao Palmeiras.
Abrindo o coração
Em uma reportagem especial da Revista Placar, de junho de 2003, Pedrinho contou como foi a descoberta da depressão.
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O primeiro a notar algo diferente no atleta foi o técnico Vanderlei Luxemburgo, que marcou um encontro com a psicóloga Suzy Fleury. Ao perceber a gravidade e o estágio avançado de desânimo, a profissional encaminhou o jogador para Antonio Hélio Guerra, psiquiatra.
De início, Pedrinho foi contrário à ideia. O próprio admitiu que não sabia a diferença entre os profissionais. Logo na primeira consulta, o diagnóstico: depressão profunda que deveria ser tratada com medicamentos.
“Não quero mais nada”
Na época em que Pedrinho resolveu falar sobre a doença, o tema não era tão debatido quanto hoje. Um depoimento forte marcou a entrevista à Placar.
“Pensava só em suicídio e só não me matei por falta de coragem. Ficava desesperado, dizia para mim mesmo ‘não quero mais jogar, não quero mais nada’”, contou Pedrinho.
Em 14 de abril de 2020, durante a pandemia da Covid-19, o ex-jogador e comentarista do SporTV abriu uma live no Instagram, na qual a depressão foi tema da conversa com seus seguidores.
“Depressão mata. Depressão vai ser a doença que mais vai matar brevemente. Recebi muitas mensagens sobre crianças e adolescentes que perderam a vida por se suicidarem. A depressão é muito grave, tomou da minha cabeça. Tirou minha saúde, minha paz, tirou a minha vida. Não tinha mais vontade de viver, não tinha prazer em nada. Eu ficava completamente dopado pelos remédios, e aí Deus me salvou”, relatou Pedrinho.
A religião, assim como o exercício físico ou qualquer atividade que estimule a criatividade são aconselháveis nesses momentos. Assim como os profissionais que ajudaram Pedrinho no passado e os medicamentos.
Nova fase
Hoje, Pedrinho é um dos principais comentaristas esportivos do país. O ex-jogador consegue aliar sua visão de quem esteve dentro de campo com o futebol praticado na atualidade.
Apesar de se destacar, o modo como Pedrinho aborda e enxerga o futebol vem causando discórdia em alguns colegas de profissão. No programa Um assado para…, do YouTube, no dia 24 de abril de 2023, o ex-jogador fez um desabafo.
“Tem pessoas de outras emissoras que brincam de apelar. Eu não sei se eles necessitam disso para poder continuar no mercado ou se são pessoas ruins mesmos. Não é possível que eles não pensem que os caras não têm uma mãe, uma esposa, filha que vai estar ouvindo aquilo ali. Às vezes eu sou criticado porque não faço o que eles [torcida e demais comentaristas] querem”, disse Pedrinho.
O profissional também abriu o jogo sobre o linguajar que utiliza em seus comentários de jogos e debates, o que também é alvo de crítica de seus colegas de profissão.
“Tem um conhecido que apresenta um programa e que toda hora ele gosta de dar uma pancada na questão das nomenclaturas modernas. Ele não pode fazer o trabalho dele do jeito que ele faz, eu não concordo com nada que acontece no programa dele, mas eu não vou na minha rede social falar ‘aquele linguajar daquele boleirão de 1915 não serve para nada, é um desserviço’. Não falo. Todas as vezes que ele pode ele vai lá e alfineta quem está entrando com uma nomenclatura que não é invenção minha. Se você for nos clubes, conversar com o Abel Ferreira, é isso que ele usa. É o que o futebol te pede hoje. Eu não inventei nada”, explicou Pedrinho.