O São Paulo de 2004 foi o embrião do que viria ser a geração do terceiro mundial do clube. Cuca era o técnico e Rogério Ceni comandava a equipe dentro de campo.
Rogério Ceni como treinador do São Paulo (Rubens Chiri / saopaulofc.net)Os dois, de temperamentos fortes, protagonizaram uma situação embaraçosa e acalorada nos bastidores. Tudo começou em um famoso rachão, um dia antes de um jogo de Libertadores. Ceni e o preparador físico Omar Feitosa discutiram feio.
O motivo que levou à discussão foi o nível da arbitragem no treino de dois toques. Segundo Rogério, o preparador físico, que estava de juiz no rachão, estava pegando em seu pé quando o ídolo são-paulino atuava na linha.
Omar teria gritado com Rogério e disse que o expulsaria a próxima vez que ele tocasse na bola no treinamento. Dito e feito. Cada vez que o ex-goleiro tocava na bola, Omar apitava.
Apesar dos ânimos exaltados, a situação ficou resolvida entre os dois, mas Cuca deixaria o clima ainda pior.
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“Por isso ninguém gosta de você”
Em entrevista ao programa Reis da Resenha, Souza, ex-jogador e atual comentarista da Band e Rádio Jovem Pan, lembrou com detalhes a situação que Cuca fez Rogério Ceni passar na frente de todo o elenco.
“O que eu vi o Cuca fazer com o Rogério aquele dia, eu vi que aquele cara era diferente. O Cuca humilhou ele”, relatou Souza no Reis da Resenha em 25 de abriu de 2022.
De acordo com o ex-meia tricolor, após o treino Cuca reuniu todo o grupo e pediu para Ceni se desculpar com Omar. Conforme Souza revelou, o goleiro disse que já havia se acertado com o preparador, que confirmou a fala do líder.
Cuca não quis saber e continuou insistindo. Quando percebeu que Ceni não iria fazer o que ele mandou, o treinador usou de seu poder como técnico e pegou pesado com o ex-goleiro.
“Cuca falou algo na frente do grupo todo. E ele usou o grupo para falar algumas coisas como ‘é por isso que ninguém gosta de você’. O Cuca xingou ele, xingou feio. E o Cuca ainda disse: ‘Pode ir lá no Juvenal agora falar para ele me mandar embora’”, recordou Souza.
Atitude precipitada
Anos depois, em 2013, Cuca revelou ao Estado de São Paulo que se precipitou ao tomar as dores do preparador físico sem estar a par da situação.
“E tive uma discussão com o Rogério Ceni, que eu acho o maior ícone da história do São Paulo e o melhor goleiro com quem já trabalhei, em que eu estava errado”, começou.
“Ele [Rogério Ceni] teve uma discussão com meu preparador físico [Omar Feitosa] e eu peguei as dores do meu preparador sem saber o teor, e o teor era que ele estava totalmente errado, o meu preparador. São erros que hoje certamente eu não teria”, explicou Cuca.
Faria o mesmo
Rogério Ceni se aposentou, virou técnico e enfrentou Cuca em algumas ocasiões. Um desses encontros aconteceu em 2017, quando Ceni era treinador do São Paulo e Cuca estava à frente do Palmeiras.
Esquecendo o passado, Rogério fez questão de ser cordial com o treinador palmeirense e mesmo com o preparador, que sempre seguiu Cuca.
“Se eu tomaria as dores do meu preparador? Também tomaria, então dou razão a ele. Se eu tinha razão ou não? O que acontece no campo, fica no campo. Por isso cumprimentei, inclusive, o Omar Feitosa hoje. Dentro do jogo, no calor da partida, você toma atitudes que, muitas vezes com calma, não tomaria”, disse Ceni sobre o entrevero do passo à imprensa.