Jurandir Fatori, ex-lateral de Guarani, São Paulo e Flamengo nos anos 90, perdeu tudo que conquistou durante a carreira e teve que recomeçar a vida como manobrista.
Jura, Válber e Careca (Reprodução / Web)Jura, como era conhecido, fez parte do grupo são-paulino que conquistou o Mundial Interclubes em 1993, contra o Milan.
Natural de Piracicaba, o lateral começou sua carreira no Guarani e ficou no Bugre até receber a proposta do tricolor paulista a pedido do lendário Telê Santana.
Sua estreia pelo São Paulo não poderia ser melhor. O jogo contra o Internacional estava empatado em 2 a 2 quando Jura marcou um golaço aos 45 minutos do segundo tempo, garantindo a vitória.
Sem juízo
Jura vivia sua melhor fase durante a carreira, porém não soube administrar da maneira correta e perdeu tudo. A série Jogo do Dinheiro, produzida pelo Globo Esporte SP, conta histórias de ex-atletas que fizeram bom gerenciamento do dinheiro e de falência, caso de Jurandir.
“O dinheiro foi embora na noite, mulherada e maus investimentos. Empolgação de certas coisas, chegou uma hora que não tinha de onde tirar mais. Fui vendendo, chegou uma hora que não tinha mais o que vender”, contou o ex-jogador ao GE em 13 de janeiro de 2023.
Pego no doping
Em 1999, Jura foi pego no exame antidoping para maconha. O atleta, já na reta final de carreira, ficou afastado por um bom tempo do futebol.
No dia 29 de junho de 2015, o ex-jogador concedeu uma entrevista exclusiva para o UOL e falou sobre tudo, inclusive do doping.
“Eu conheci as drogas através dos amigos, em 99 foi um jogo em Limeira, nós ganhamos no Noroeste de Bauru por 2×0 e aí eu vim de carona com os amigos. A gente fumou maconha, mas eu jamais imaginei que maconha tinha doping, que eu ia cair no doping e no próximo jogo eu fui sorteado e aí deu positivo, mas eu acredito que foi um bem feito pra mim, eu passei vergonha, pensei que ia tomar esporro do meu pai, mas ele me abraçou e disse que não tinha filho bandido”, afirmou.
Ainda na entrevista, o ex-lateral revelou que chegou a usar cocaína, mas quando seu filho Leonardo nasceu, ele parou com tudo.
Telê Santana até tentou ajudar o jovem lateral na época, mas Jurandir não deu ouvidos ao “paizão”, como chamava o treinador de forma carinhosa.
“O Telê observava e me falava: ‘hoje você dá conta filho, mas amanhã você não vai dar’. Ele sempre dava conselhos. O Telê foi um paizão pra mim. Foi o melhor com quem eu trabalhei, a disciplina, o comando”, lembra Jura.
Recomeço
De lateral-direito para manobrista do restaurante Toca da Coruja, em Piracicaba (SP). Sem vergonha de recomeçar, Jura aceitou o convite de um amigo que ofereceu o emprego.
“Eu entro 7 horas da noite e saio quase 6 da manhã, é o que está hoje trazendo o sustento da minha família e pela minha família hoje eu dou a minha vida. Para mim está sendo bom, estou pagando as minhas contas”, revelou Jura ao UOL.
Hoje, o ex-jogador trabalha com futebol novamente. Jura é treinador da escola de futebol infantil da cidade e pretende seguir como técnico de futebol.