Astro teve carreira afundada pelo vício: “Bebi e cheirei por 25 anos”

Billy Kenny, jogador do Everton dos anos 1990, foi considerado umas das promessas do futebol inglês, mas teve sua carreira paralisada por conta das bebidas e da cocaína.

Billy Kenny (Reprodução / Web)

Em uma época em que as comissões técnicas não contavam com psicólogos, Billy não teve a ajuda necessária para lidar com seus problemas e encontrou no vício um refúgio.

Em entrevista ao Liverpool Echo, o ex-atleta contou como foi passar 25 anos no mundo das drogas.

“Nunca bebi uma cerveja até chegar ao time principal do Everton. Era meio que a norma. Mas, senti que tinha que me encaixar porque era apenas uma criança na época. Foi quando bebi álcool e usei cocaína por 25 anos sem parar. Estou surpreso de que ainda estou vivo. Eu apenas levantava, bebia, bebia por dois dias, bebia por três dias, dormia por dois dias, comia comida chinesa e repetia tudo”, revelou Kenny.

Seu único momento de glória enquanto jogador do Everton aconteceu quando o time virou o placar em cima do seu maior rival, o Liverpool, por 2 a 1. Neste dia, Kenny foi eleito o ‘cara’ da partida.

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A vergonha e a salvação

Durante a conversa, Billy Kenny se emocionou ao falar sobre sua mãe, Bella, e disse se sentir envergonhado pelos anos em que era usuário de cocaína.

“A pior parte para mim foi colocar minha mãe e meu pai nisso, porque eu estava maluco. Agora, quando penso no que fiz minha mãe e meu pai passarem. Eu fui egoísta pra caralho com a bebida e as drogas. Esse é o meu maior arrependimento, e não vai embora – o que fiz para minha mãe e meu pai. Meu pai adora futebol, ele é um cara que gosta de futebol. Ele não podia sair de casa por anos porque se sentia envergonhado e sempre era questionado sobre mim em todos os lugares que ia: ‘Billy está bem?”, declarou o ex-Everton.

Porém, Bill só conseguiu sair da bagunça em que se enfiou após sua mãe falecer. Foi quando o ex-atleta virou a chave para recomeçar sua vida.

“Deve ter sido minha mãe me dando forças porque eu não poderia fazer isso sozinho. Eu não poderia dizer a você, sentado aqui, como eu fiz isso. Eu também tenho meus dias ruins, onde tenho que trabalhar duro para me manter são e sóbrio, mas a vida para mim no momento é ótima. Estou sóbrio e isso é ótimo. Estou ciente de onde errei quando era mais jovem agora e há muito que simplesmente não era eu. Agora posso ver que claramente precisava de ajuda, mas a ajuda não estava lá para mim”, contou.

Vai virar peça de teatro

Durante a pandemia da COVID-19, Billy aproveitou o tempo recluso para escrever sobre seu passado e sua história de vida será transformada em peça de teatro. O espetáculo será exibido no teatro Royal Court, de Liverpool, com o ator Jay Johnson interpretando Billy, em um show escrito e produzido pelo diretor Ian Salmon.

Foram mais de três cadernos de recordações que serviram de base para a história.

“Eu disse ao meu pai ‘eu vou te deixar orgulhoso um dia de novo’. E agora ele está empolgado com a peça e está orgulhoso de mim novamente, então estou absolutamente empolgado. Tive uma segunda chance na vida… Joguei pelo Everton e ninguém pode tirar isso de mim. Eu gostei. Agora, esta é outra parte da minha vida em que estou começando a me divertir um pouco com isso”, relatou emocionado.

Segundo ele mesmo, será um retorno memorável e Billy considera a peça emocionante e libertadora. O ex-jogador finalizou dizendo estar feliz por sua pior fase servir de inspiração para os jovens que estão passando pela mesma situação.