Com certeza você conhece duas pessoas que não podem ser convidadas para ir ao mesmo local. Isso é muito comum no mundo da televisão, e essa regra vale para Milton Neves e Roberto Justus.
Milton Neves (Reprodução / Band)Neves, um dos maiores jornalistas e apresentadores do esporte, estava muito bem na Record em meados dos anos 2000. Era um dos maiores salários da casa, já que ele comandava o Debate Bola e o Terceiro Tempo.
Além disso, ele já tinha apresentado o Cidade Alerta (2003) e o game show Roleta Russa (2002).
Uma proposta irrecusável
Na época, Roberto Justus era seu colega de trabalho e comandava o reality show O Aprendiz. O empresário viu uma oportunidade de fazer de Milton Neves o maior apresentador esportivo da TV, com um projeto dirigido por Hélio Vargas. Só que nada disso ocorreria na Record, mas sim na Band.
Os apresentadores discutiram a ideia, Neves gostou e decidiu deixar a Record e o contrato polpudo que tinha, partindo de volta para a Band a fim de dar início a um projeto audacioso e inovador. Mas nada disso deu certo e tudo foi cancelado.
“Ele me tirou da Record com a promessa de que eu seria o ‘Silvio Santos do futebol’, tanto é que eu ia fazer cinco programas na faixa nobre por semana, mais um no domingo à noite, com contrato de três anos. Ele me seduziu. Mandou o [diretor] Hélio Vargas me procurar. E fui para a Bandeirantes. Depois de um mês, na semana que ia estrear, ele me telefona: ‘Resolvi abortar o negócio. Passa lá na minha agência que eu vou te pagar um mês'”, contou Neves ao Notícias da TV em 2013.
Desempregado e no hospital
Da noite para o dia, o jornalista estava desempregado, sem salário e sem perspectiva nenhuma na televisão. O desespero bateu e ele acabou indo parar no hospital.
“Eu fui de ambulância para o [Hospital Albert] Einstein. O médico pegou a minha pressão e disse: ‘Olha, você só não morreu porque Deus não quis’. Depois disso, o Justus me ligou marcando uma reunião. Eu saí do hospital de pantufa para essa reunião. A mudança desse cara de um mês para aquela reunião foi coisa da água para o vinho. Ele falou assim: ‘Pode processar. Tenho um batalhão de advogados'”, revelou.
“Polêmica para atrair a atenção da mídia”
Neves buscou a Justiça e processou o empresário. Ao ser procurado pelo Notícias da TV, Justus disse que o jornalista apenas buscava criar polêmica em torno do caso.
“Lamento muito pelo comentário do apresentador Milton Neves a meu respeito. O processo referido por ele na entrevista foi iniciado há mais de seis anos, tendo sido julgado extinto pela Justiça de São Paulo, em julho de 2012. O juiz Alberto Alonso Munoz concluiu, à época, que não havia indícios de má-fé no cancelamento do projeto, em decorrência da liquidação da empresa Brainers. O apresentador da TV Bandeirantes voltou a abordar o caso com o claro propósito de causar polêmica para atrair a atenção da mídia”, disse Justus em nota.
Neves não ficou muito tempo desempregado e foi contratado pela Band para comandar o Terceiro Tempo, que apresentou até bem pouco tempo atrás na emissora.
“O injusto do Justus quase acabou com a minha vida. Ele me deu o cano. Ele não tem coragem de aparecer. Não foi nem na audiência de conciliação. Se eu o encontrasse, eu diria que o que ele fez foi muito feio e que, se Deus quiser, ele terá de me ressarcir de tudo o que eu deixei de ganhar na Record. Uma coisa eu te garanto: ele nunca mais vai dar o cano em ninguém”, desabafou Neves ao R7.
Em 2018, o STJ negou o pedido de Milton Neves contra Roberto Justus, mas o apresentador esportivo ainda podia recorrer da decisão.