Marco de Vargas integrou o núcleo de jornalistas esportivos da Fox Sports por mais de uma década (2011-2022). Um dos principais narradores da extinta casa, de Vargas perdeu uma ação para a Disney, que movia desde 2020.
Marco de Vargas (Reprodução / Web)O locutor pedia R$ 5,1 milhões da empresa por rescisões trabalhistas não pagas e reconhecimento do vínculo empregatício. Ainda que tenha ganhado parcialmente em primeira instância, a Disney recorreu e conseguiu convencer o tribunal do contrário.
Segundo publicou o site Notícias da TV no dia 10 de dezembro de 2022, o processo foi julgado pela 11ª turma do TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho na 2ª região). O veículo também teve acesso aos autos com exclusividade.
No processo, Marco de Vargas afirmou ter sido demitido por conta da fusão entre Fox e ESPN, em 2020. Ele tinha contrato com a emissora até o fim de 2022.
Não convenceu
O magistrado deu vitória em segunda instância à Disney depois de entender que o réu tinha autonomia para escolher ou recusar as escalas de trabalho. Ele entendeu também que foi o narrador quem escolheu o modelo de contrato PJ (Pessoa Jurídica) quando chegou ao canal, em 2011.
De acordo com o desembargador Flávio Villani Macêdo, a argumentação da Disney fazia sentido, além de ter uma prova oral, destacada no processo, que comprova a participação de Vargas nas decisões.
“A forma e o modo de prestação dos serviços não permitem concluir pelo trabalho subordinado, nos estritos termos previstos na legislação trabalhista”, declarou Macêdo.
“A prova oral revelou que a escala era feita e enviada para o aceite ou não do autor, fato que denota a autonomia existente na relação entre as partes. Assim, ficou claro que a vontade do autor era de se ativar sem vínculo de emprego, ativando-se com autonomia e retribuição diferenciada”, relatou o desembargador.
Dessa forma, o ex-Fox Sports não ganhou a bolada e teve que arcar com os honorários dos advogados da Disney.
Fala polêmica
O ranço entre Vargas e Fox começou anos antes da fusão, durante uma transmissão para o Facebook Watch. No jogo entre Grêmio e Olímpia pela Libertadores, o narrador foi suspenso após uma fala polêmica no final da partida.
As luzes do estádio já estavam se apagando quando Marco de Vargas disse que faria uma visita à “casa das meninas” em Porto Alegre. Internamente, a brincadeira não pegou bem.
“Por isso, o Vagner [Martins, repórter que estava no gramado], que não faz isso porque é um homem casado… A gente também tem os nossos compromissos, mas a gente vai com muita tranquilidade, claro, com muita parceria e responsabilidade” falou o narrador ao final do jogo.
O constrangimento na equipe foi nítido. O comentarista Rodrigo Bueno ficou claramente desconfortável com a fala do colega.
“Estamos com pressa. O pessoal convidou para um churrasquinho, dar uma passadinha lá na casa das meninas pra tomar uma cervejinha também” encerrou a transmissão Vargas.
Como a transmissão era uma parceria entre Fox Sports e Facebook, a emissora ficou preocupada pelo rigor da rede social com conteúdos de cunho erótico.
Reclamou no Twitter
A fala repercutiu entre os internautas e Marco de Vargas também foi até o Twitter deixar sua mensagem enigmática.
“Se o objetivo era prejudicar, parabéns, prejudicou”, publicou, sem dar muitos detalhes na época.
Seus seguidores começaram a criar teorias sobre uma possível suspensão do narrador, que alguns dias depois foi confirmada.
No duelo de volta entre Olímpia e Grêmio, de Vargas não fez o jogo. Em seu lugar, o paulista Nivaldo Prieto foi quem comandou a transmissão. A punição ficou clara pelo fato dele ser o único locutor que não fez parte da escala.
Prieto era responsável pelos jogos do Palmeiras, assumiu o Tricolor Gaúcho e continuou com o alviverde. Já Téo José fez os jogos do Internacional, enquanto João Guilherme narrou as partidas do Flamengo.