Após batalha, sobrevivente de tragédia da Chapecoense recebeu bolada

Alan Ruschel na Chapecoense

Alan Ruschel na Chapecoense (Reprodução / Web)

Em maio de 2021, um dos sobreviventes do acidente aéreo da Chapecoense, Alan Ruschel, acionou o ex-clube na Justiça pedindo uma quantia milionária.

Alan Ruschel na Chapecoense (Reprodução / Web)

O lateral pleiteou R$ 3.381.105,40, valor referente aos danos morais pelo acidente, contestação de seguro recebido e verbas trabalhistas, como salários atrasados e direito de imagem.

A tragédia envolvendo a delegação da Chape e profissionais da imprensa que viajavam até a Colômbia aconteceu em 2016 e vitimou fatalmente 71 pessoas.

Abençoado

Neto, Follmann e Alan Ruschel (Divulgação / Chapecoense)

O lateral foi um dos sobreviventes e, na época sem clube, questionava o valor recebido, que segundo alegação foi inferior à indenização paga às demais famílias das vítimas.

LEIA TAMBÉM!

No dia 25 de fevereiro de 2022, uma reportagem do UOL publicou trechos da petição judicial da Chapecoense, que alegava que o atleta não era uma vítima.

“O reclamante não foi vítima de um acidente, pelo contrário, foi um sobrevivente, abençoado pela força divina e, dentre aqueles ligados ao futebol, o único que continua a desenvolver suas atividades identicamente ao período anterior ao mesmo”, afirmou a Chapecoense.

Falta de sensibilidade

Alan Ruschel no América (Reprodução / Premiere)

Procurado pelo UOL, o advogado trabalhista Higor Maffei Bellini deu razão ao jogador e afirmou que a petição judicial do time de futebol é totalmente desconectada com a realidade, ferindo a imagem de Alan Ruschel.

“O conteúdo apresentado pela defesa da Chapecoense foi extremamente insensível com o ser humano que foi, sim, vítima de um acidente de trabalho, enquanto viajava a trabalho em um avião alugado pelo clube, fato público e notório. Esse tipo de argumento, da defesa, que tenta retirar a pessoa de ser vista como uma vítima do acidente, afirmando que o fato lhe deu notoriedade, é desconectado da realidade e pode gerar uma nova ação contra a Chapecoense pelo teor da defesa”, disse Bellini.

Ainda sobre o documento expedido pelo clube, a instituição usou o caso do ex-goleiro Jackson Follmann para justificar a alegação contra Ruschel.

“Este ficou com invalidez permanente, vez que teve uma perna amputada em razão do acidente (…) não há indicativos de que alguma sequela tenha ficado”, acusou o clube.

Acordo entre as partes

Alan Ruschel ao lado da esposa (Reprodução / Instagram)

Três meses depois, o processo entre jogador e clube chegou ao fim em audiência na 1ª Vara do Trabalho de Chapecó. Um acordo entre as partes foi firmado e homologado pela Justiça. Alan recebeu R$ 2,3 milhões da Chapecoense.

O clube também pagou R$ 420 mil à advogada Mariju Ramos, que representou o atleta durante o processo. A profissional afirmou ao UOL que a instituição foi insensível com tudo que seu cliente passou.

“Recebemos com tristeza, mas também com muita revolta! Alan se lembra de cada detalhe do acidente. Nunca falou por respeito às famílias. A dor que teriam ao saber de tudo. Não falou por respeito ao amor que tinha aos amigos que morreram ao seu lado. Não falou porque cada lembrança, cada palavra, lhe faz reviver um trauma inexplicável. Mas jamais pensou que a chapecoense seria tão insensível”, contou a advogada.

Atualmente, Alan Ruschel joga pelo Juventude. Depois do acidente, o lateral-esquerdo teve três passagens pelo Verdão do Oeste, em 2013, 2016 e 2020. Além da Chape, o atleta passou por Goiás, América-MG, Cruzeiro e Londrina.

Autor(a):

Sair da versão mobile