O Cruzeiro da tríplice coroa completa 20 anos em 2023. O feito – conquista do Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro – foi inesquecível para os cruzeirenses e para o futebol nacional.
Vanderlei Luxemburgo (Rodrigo Coca / Agência Corinthians)Após conquistar o primeiro torneio, o estadual mineiro, o time de Vanderlei Luxemburgo tinha mais uma final no primeiro semestre: a da Copa do Brasil. E foi aí que um episódio que ficou na memória dos torcedores aconteceu.
Desfalques para o segundo jogo
O Cruzeiro tinha o Flamengo pela frente no segundo jogo da final da Copa do Brasil. A primeira partida, realizada no Maracanã, terminou empatada em 1 a 1 com direito a um golaço de letra de Alex para a Raposa.
Mestre em mexer com o emocional dos atletas, Luxemburgo já começou os trabalhos para o segundo jogo da final no vestiário do Maracanã, dizendo: “Somos campeões”.
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O grande problema para o treinador é que os dois zagueiros titulares – Cris e Edu Dracena – estavam suspensos para a partida de volta. As outras opções eram Luisão, que vinha de uma lesão, e o jovem Gladstone, de 18 anos.
A pauta na mídia não era outra: Qual será a zaga do Cruzeiro? Será que Gladstone vai dar conta de Felipe, Fernando Baiano e Edílson?
Para o experiente treinador, não haviam dúvidas, mas ele precisava dar uma injeção de ânimo no jovem zagueiro.
Motivação raiz
Na última roda entre os boleiros antes de subir as escadas do Mineirão, Luxemburgo reuniu todos os jogadores e entregou um envelope para cada um, menos para Gladstone, que recebeu dois.
O treinador pediu para eles abrirem e colocar a faixa que estava dentro.
“Bota a camisa de campeão e a faixa de campeão. Estão com medo de colocar? Pode colocar, a camisa e a faixa. Nós somos campeões. O título não sai de nós, não”, recordou Leandro Bochecha no Charla Podcast em 24 de maio de 2022.
Para Gladstone, além da faixa e da camisa, havia uma fralda. Sim, uma fralda descartável. Sem entender, o zagueiro olhou para Luxemburgo, que disse:
“E aí, moleque? Vai usar a faixa de campeão ou se borrar todo?”, provocou o comandante.
Era a última motivação que faltava para o defensor. Para ele, optar pela faixa não foi uma escolha difícil e, com a confiança dos companheiros, entrou seguro para a grande final.
Marcado na história
Gladstone não foi o cara daquela final, muito menos marcou os três gols que deram o título da Copa do Brasil para o Cruzeiro. Mas, com certeza, a decisão ficou na história do clube e do jogador.
“Não podia deixar de passar essa oportunidade, mais uma final entre Cruzeiro e Flamengo, mais uma grande final da Copa do Brasil para poder relembrar a história de 2003. Aquele jogo maravilhoso naquela final que graças a Deus eu pude sair campeão com 18 anos de idade”, comentou Gladstone ao GE em 26 de setembro de 2017.
O zagueiro fez a sua estreia pelo profissional na grande final e deu conta do ataque rubro-negro. Com a camisa celeste, foram mais de 60 partidas e dois títulos na conta: a Copa do Brasil e o Brasileirão de 2003.
Com passagens por Hellas Verona, Juventus, Palmeiras, Sporting, entre outros clubes, Gladstone se aposentou em 2020, quando defendeu o Vitória de Espírito Santo.