Lima, o jogador “coringa” do Santos, tinha o clube do litoral paulista como seu destino já pelo seu nome. Nascido Antônio Lima dos Santos, o jogador brilhou no Peixe entre 1961 e 1971.
Versátil, atuou em várias posições na equipe santista: volante, lateral direito, lateral esquerdo, zagueiro e atacante. Foi o quarto jogador que mais vestiu a camisa do Santos, com 692 jogos, ficando atrás de Zito (733), Pepe (741) e o líder disparado, Pelé (1116).
Com uma trajetória marcante na equipe da Vila Belmiro, Lima conquistou com o clube todos os títulos possíveis na época. Mas a história do jogador era para ser bem diferente: ele iria jogar no rival alvinegro, o Corinthians.
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Acidente
Lima estava jogando no infantil do Juventus, time onde iniciou sua carreira, e sonhava em jogar no Parque São Jorge.
“Um dia, muito assustado, cheguei a treinar no Corinthians. Parece que agradei, pois mandaram que eu voltasse com documentos e retratos para jogar no infantil”, disse à Revista do Esporte em 1966.
O jogador, entusiasmado, voltou para casa já imaginando vestir a camisa do Corinthians. Na mesma noite, reuniu a documentação e saiu do bairro da Mooca, onde morava, de bicicleta, para levar os papéis e o retrato para fazer sua ficha de inscrição no Timão.
Mas a falta de sorte – ou destino – fez com que Lima não concretizasse o seu sonho.
“Perto da sede corintiana, quase morri, pois fui atropelado por um automóvel. Por causa disso, fiquei quase um mês sem poder andar”, contou.
Vergonha e nova oportunidade
Por ter ficado tanto tempo sem aparecer e dar satisfações, Lima não teve coragem de ir à sede do Corinthians e continuou jogando na Juventus. Mais tarde, porém, seu sonho de jogar no poderoso alvinegro foi reavivado, mas desta vez o Santos entrou no caminho.
Em março de 1961, já estava tudo certo para o jogador assinar pelo Corinthians, que pagaria sete milhões de cruzeiros pelo passe. Porém, na véspera da assinatura, Lima foi jogar em Assis, contra a Ferroviária local, jogo que modificou sua trajetória.
Após seu time vencer por 2 a 1, com um gol marcado por ele, Lima foi avisado pelo técnico do clube, José Carlos Bauer, que ele iria para o Santos, o que aconteceu no dia seguinte.
“Como gosto de cumprir ordens, fui me apresentar no ao clube de Vila Belmiro. Acertei tudo e assinei contrato. Depois que soube que o Santos havia pago só 5 milhões de cruzeiros pelo meu passe, quando o Corinthians havia se comprometido a pagar 7, fiquei surpreendido”, revelou na época.
Peixe
Mesmo sem entender, Lima foi fisgado pelas boas cifras do clube santista. Ele ganhou 600 mil de luvas e recebia um ordenado de 50 mil por mês, o que, na época, em 1961, era muito dinheiro. Anos mais tarde, seu salário passou para 200 mil mensais, além dos “bichos” que muitas vezes eram superiores ao pagamento.
“De lá não pretendo sair. O Santos é uma boa casa, onde tudo é bom. Além disso, é o clube onde se ganha dinheiro de fato. Quer dizer, todos reconhecem o esforço do jogador”, concluiu Lima, que na época sonhava em ser convocado para a Copa da Inglaterra, em 1966.
Além do Santos, Lima passou por Fluminense e Portuguesa Santista, além de participar da Copa de 1966 pela Seleção Brasileira, onde realizou 19 partidas no total.
No início do ano, o ex-jogador ganhou uma biografia intitulada Lima: Um Curinga entre Reis.