A volta dos portugueses: técnicos lusitanos fazem sucesso no Brasil

Os laços entre Brasil e Portugal vão muito além da colonização. No meio futebolístico, o intercâmbio luso-brasileiro já é antigo. Em meados da década de 50, chegou à Portugal o primeiro técnico brasileiro a comandar um clube português, no caso, o Benfica. Otto Glória era carioca e já havia dirigido o América (RJ) e o Vasco, no Brasil.

Ele dirigiu o Benfica de 1954 a 1959, ganhando diversos campeonatos. Depois, seguiu para o Belenenses e Sporting, também em Portugal. Otto também passou pelo Olympique de Marselle, na França e voltou ao Brasil.

De volta a Portugal

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Dois anos depois, em 1964, ele voltou a Portugal e, em 1966, dirigiu a Seleção Portuguesa na disputa da Copa do Mundo. A seleção lusa ficou em terceiro lugar na competição. Por seus méritos no futebol português, Otto foi condecorado com a medalha de prata da Ordem do Infante D. Henrique, que homenageia personalidades que prestaram serviços relevantes à Portugal.

Otto foi o pioneiro, mas houve 41 técnicos brasileiros comandando times portugueses, desde a década de 50, sendo o auge da “importação” as décadas de 80 e 90.

Portugueses com o caminho aberto

No caminho inverso, o primeiro técnico luso a dirigir times brasileiros foi Luis Miguel Gouveia, 17 anos no Brasil, desde 2006.

“Fui o descobridor (risos). Outros técnicos portugueses até passaram por aqui antes, mas logo foram embora. Eu estou no Brasil por anos e anos. Fui construindo minha história, mas o Jorge Jesus abriu as portas para muitos treinadores portugueses e estrangeiros. Os grandes clubes brasileiros pensam em um nome estrangeiro quando buscam um treinador” disse, em entrevista por telefone, ao GE.

Quem vê o sucesso e respeito que a atual constelação lusa tem no Brasil, não imagina o tortuoso caminho percorrido. O pioneiro Luís Miguel também relata que sofreu muito preconceito no início.

“Enfrentei desconfiança por ser português, tive um começo difícil. Ouvi muita coisa, muita gente dizendo “tira esse português burro daí”, os presidentes dos clubes tinham certo receio. Mas fui conquistando meu espaço com trabalho, com resultados, com muita verdade e dignidade. Ainda não consegui chegar a uma Série A ou Série B, mas sei que essa oportunidade virá “, desabafa.

Técnicos portugueses no futebol brasileiro

Atualmente, temos quatro portugueses liderando times Brasileiros.

Abel Ferreira (foto acima), desde 2020 no Palmeiras, acumulando inúmeros títulos; Vitor Pereira, que veio em 2022 para o Corinthians e em 2023 embarcou para o Flamengo; Luís Castro, que foi contratado em 2022 pelo Botafogo; e o mais novo, Renato Paiva, que assume o Bahia em 2023.

Este sucesso tem incomodado os técnicos brasileiros e vira e mexe tem alguma alfinetada. São várias “tretas”. No Brasileirão de 2022, por exemplo, Jorginho, técnico do Atlético-GO, criticou duramente a postura de Abel Ferreira com a arbitragem.

“Quem deveria ser expulso era o Abel. Já não é a primeira vez que ele é expulso. Eu o respeito como treinador, mas o respeito tem que existir comigo, com minha equipe, com o árbitro. Não é à toa que ele e toda a comissão são expulsos constantemente: bater palma para o árbitro, querendo sacaneá-lo. Revolta como treinador, brasileiro, que venha ao nosso país e está desrespeitando o nosso país. Chamou de cego e nada aconteceu.”

Mais técnicos portugueses que estiveram no Brasil

Antes da atual safra de treinadores portugueses desembarcarem em nosso país, outros técnicos já estiveram por aqui. Confira!

Jorge Jesus – Esteve de 2019 a 2020 no Flamengo.

António Oliveira (foto acima) – Em 2020, compunha a equipe técnica junto com Paulo Autuori, no Athlético Paranaense. Em 2021, assumiu como técnico do Furacão e em 2022 foi para o Cuiabá.

Paulo Sousa – Teve curta passagem pelo Flamengo: apenas 32 partidas e foi demitido.

Ricardo Sá Pinto – Também foi vapt-vupt. Em 2020, esteve em apenas 15 jogos do Vasco.

Jesualdo Ferreira – Bateu o recorde. Em 2020, pelo Santos, assumiu apenas 12 jogos.

Paulo Bento – Atuou em 2016 no Cruzeiro.

Sérgio Vieira – Atuou em 2015 no Athlético Paranaense e permaneceu no Brasil até 2017.

Augusto Inácio – Esteve no Avaí em 2020.

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