O ano de 2005 para o torcedor são-paulino é inesquecível. O time conquistou a tríplice coroa e, de quebra, ainda levou o Mundial de Clubes, terceiro da história do clube.

    Flávio Donizete, ex-jogador do São Paulo
    Flávio Donizete (Reprodução / Web)

    Para os atletas também foi marcante, mas para um jogador em especial as lembranças não são tão boas assim. O zagueiro Flávio Donizete, que acabou na competição por um acaso, vendeu a medalha anos depois, por um motivo nada bom: sustentar o vício em cocaína.

    O jovem de 21 anos estava prestes a ser emprestado para outro clube quando o companheiro de posição, Alex Bruno, lesionou o tornozelo e travou a transferência de Flávio. O zagueiro viajou com a delegação a pedido do técnico Paulo Autuori, contudo não seria inscrito no Mundial.

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    No Japão, porém, a sorte sorriu mais uma vez para Flávio. Outro colega de zaga se machucou antes do início do campeonato: Leandro Bonfim. Assim, o jovem, que dias antes estava prestes a deixar o São Paulo, ficou com o lugar.

    A vida do outro lado do mundo

    Parte da equipe do São Paulo no Mundial de 2005
    Flávio Donizete com parte da equipe do São Paulo no Mundial de 2005 (Reprodução / Web)

    Flávio concedeu uma entrevista para o Globoesporte.com em 23 de maio de 2020, relembrando com detalhes como foi a viagem, a chegada e os dias na Terra do Sol Nascente.

    “Fiquei muito feliz, peguei a mala, fui para casa e no dia seguinte fui viajar. Tinha a classe executiva, a classe A e a única passagem que tinha era a classe executiva. Eu fui de classe executiva! Era um avião de dois andares, negócio fora do normal”, relatou ao GE em 23 de maio de 2020.

    O defensor ficou encantado com o país. “Uma coisa fora do normal”, disse o ex-atleta ao lembrar da estrutura que foi proporcionada a ele e seus colegas.

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    “Eu nunca tinha viajado para um lugar tão longe como o Japão. Eu cheguei lá em outro nível, outro mundo. O hotel era extraordinário, nunca tinha entrado em um hotel daquele lá, muita coisa. Uma coisa fora do normal”, disse empolgado.

    A entrevista foi no meio da pandemia da COVID-19, quando a TV Globo reprisou a final histórica entre São Paulo e Liverpool.

    O vício

    Flávio Donizete ao lado da esposa
    Flávio Donizete ao lado da esposa (Reprodução / Web)

    A dependência da cocaína começou cinco anos depois de levar a taça, em 2010. O roteiro de quem se viciou é sempre o mesmo e com Flávio não foi diferente. O começo é moderado e, sem perceber, a vida gira em torno da droga.

    “O dinheiro guardado usei para comprar droga todo dia. Eu não ficava sem droga por nada. Manhã, tarde e noite tinha que usar cocaína. E nessa o dinheiro que tinha na conta, as coisas que tinha, comecei a perder”, recordou.

    Chegou em um nível que não tinha mais controle e o ex-zagueiro se desfez da maior lembrança física que tanto o encantou: a medalha do Mundial.

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    “Eu usava igual louco. Aí quando eu vendi (a medalha), chegou o dinheiro e torrei quase tudo na cocaína. Na primeira pancada foi mil reais de cocaína. E eu usei em dois dias. Deu ataque, coisa no coração… O vício falava mais alto, mais forte. Quanto mais dinheiro eu tinha, mais queria”, afirmou Flávio.

    Três anos atrás, Flávio trabalhava como jardineiro e sonhava em jogar profissionalmente. Para o ex-atleta, a Série A2 ou A3 seria o ideal para terminar a história que começou.

    Na época, Donizete contava com apoio do ex-companheiros Hernanes e Mineiro para se manter. E teve ajuda do pentacampeão mundial para recuperar a medalha.

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