A manchete afirmando que Fernando Diniz era o novo técnico da Seleção Brasileira dominou os noticiários em todo o país. A notícia veio em um momento em que os torcedores ficaram em polvorosa com o anúncio de que Carlo Ancelotti seria o próximo comandante do Brasil.
O fato de Diniz continuar no comando do Fluminense enquanto a assume a canarinho temporariamente até a chegada do treinador definitivo, causou estranhamento, mas essa prática não é inédita.
Luxemburgo na seleção
Em 1998, Vanderlei Luxemburgo, então treinador do Corinthians, também assumiu a Seleção Brasileira. Após a Copa do Mundo da França, onde o Brasil terminou com o vice-campeonato perdendo para os donos da casa, a CBF despediu o Velho Lobo Zagallo.
Em dúvida sobre quem seria o próximo treinador, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, convidou Vanderlei para o cargo. Porém, o treinador só aceitaria o chamado com uma condição: continuar no alvinegro até o final do ano.
O cartola aceitou e o final foi feliz para ambos. Luxa terminou como campeão do Campeonato Brasileiro em cima do Cruzeiro durante o período que também comandava a Seleção Brasileira.
O treinador ficou dois anos à frente da amarelinha e conquistou a Copa América de 1999 com 100% de aproveitamento.
Pela seleção, Luxemburgo teve bons números: foram 34 jogos, sendo 21 triunfos, oito empates e cinco derrotas. Aproveitamento de 69,60%.
Vexame e demissão
Além de comandar a seleção principal, Vanderlei também assumiu a responsabilidade de guiar a canarinho durante as Olimpíadas de Sydney, na Austrália, em 2000.
O elenco, que contava com nomes pesados como Alex, Lúcio e Ronaldinho Gaúcho, acabou eliminado nas quartas de final para Camarões pelo “finado” gol de ouro.
O desempenho em campo já não agradava e um escândalo envolvendo seu nome foi a gota d’água para a CBF despedir o comandante.
A relação com falsificação de documentos e sonegação fiscal minguaram a possibilidade de Vanderlei continuar no comando do Brasil. Quando ainda era jogador, Luxemburgo utilizou um documento falso para conseguir uma vaga na equipe juvenil do Flamengo.
Seu último jogo à frente da amarelinha foi pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, contra a Bolívia, no Maracanã. Na ocasião, o Brasil enfiou 5 a 0, com direito a três gols de Romário, levando o público ao delírio.
Repetição do passado
Na época, Luxemburgo fez questão de treinar a seleção olímpica, situação que pode se repetir com Fernando Diniz. Isso porque o treinador pode assumir a Sub-23 nas Olimpíadas de 2024, em Paris, na França.
Ainda que não seja oficial, o convite de Diniz para assumir a seleção teria como condição que ele continuasse a comandar o Fluminense.
O técnico tem poucos títulos em sua carreira, o último foi o Campeonato Carioca deste ano em cima do Flamengo. Contudo, não foi a quantidade de taças o fator que despertou o desejo de Ednaldo Pereira em contar com o treinador.
Diniz é conhecido pela sua forma única de trabalhar e jogar. Nenhum time do Brasil consegue emular o que o técnico passa para seus jogadores. Um jogo de controle, de posse e de ocupação de espaço onde o jogo acontece, o que além de ser esteticamente bonito, acabou conquistando o coração do presidente da CBF.
Impossível saber se vai dar certo, são muitas questões envolvidas, porém, uma coisa é fato: será divertido assistir a seleção brasileira jogar.
