O carioca Carlos José Castilho nasceu na capital fluminense em novembro de 1927. Alto (1,80m de altura), muito estudioso e daltônico, era de família humilde e, antes de virar jogador profissional e começar a receber salário, trabalhou como carvoeiro, padeiro e leiteiro. No mundo da bola, fez carreira como goleiro a partir da década de 40.

    Castilho no Fluminense
    Castilho no Fluminense (Reprodução / Web)

    Antes de ir para a baliza, Castilho jogava como ponta-esquerda nas peladas. Mas o goleiro do time desfalcou a equipe – pois estava em lua de mel – e Castilho assumiu o posto, não abandonando mais. Foi, então, para a categoria de base do Olaria, do Rio de Janeiro.

    Castilho no Fluminense

    Goleiro Castilho no Fluminense
    Goleiro Castilho no Fluminense (Reprodução / Web)

    Em 1946, tornou-se titular e foi para o Fluminense, sendo campeão carioca pelo tricolor em 1951, 1959 e 1964; e da taça Rio-São Paulo em 1957 e 1960. Ele atuou no time por quase 20 anos, de 1946 a 1965, somando 698 partidas, das quais 255 sem sofrer gols.

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    Conta-se que Castilho foi um dos primeiros goleiros a postar-se com os braços abertos durante as cobranças de pênaltis, parecendo “preencher o gol”.

    Apaixonado por futebol – e principalmente pelo Flu -, Leiteria ou São Castilho (seus apelidos) chegou ao extremo de amputar a ponta de um dedo esquerdo para se recuperar mais cedo de uma contusão.

    “Ele queria jogar partidas decisivas pelo Fluminense e não teria condição de se recuperar normalmente. Amputando um pedaço do dedo seria mais rápido”, conta o jornalista Michel Laurence, em entrevista.

    Homenagem ao ídolo

    Busto de Castilho no bairro das Laranjeiras, no Rio
    Busto de Castilho no bairro das Laranjeiras, no Rio (Reprodução / Web)

    Castilho recebeu uma homenagem do Fluminense em 2006, quando um busto do jogador foi inaugurado no Bairro das Laranjeiras, casa do clube carioca. Na inscrição, é possível ler:

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    “Suar a camisa, derramar lágrimas e dar o sangue pelo Fluminense, muitos fizeram. Sacrificar um pedaço do próprio corpo por amor ao Tricolor, somente um”.

    E esta não é a única homenagem prestada pelo clube ao craque, já que o CT do time também leva seu nome.

    Castilho na Seleção Brasileira

    Castilho em ônibus com a Seleção Brasileira em 1957
    Castilho (assobiando) em ônibus com a Seleção Brasileira em 1957 (Reprodução / Terceiro Tempo)

    Extremamente talentoso, esteve na Seleção Brasileira nas copas de 50, 54, 58 e 62, tendo sido titular no mundial de 1954, na Suíça. Seu talento lhe rendeu o reconhecimento como um dos melhores goleiros da história do futebol brasileiro, já que em 1952 defendeu mais de seis pênaltis.

    Em uma pesquisa feita pelo site do Globo Esporte, entre mais de 100 jornalistas especializados, Castilho ganhou (com folga) o título de ídolo fluminense, superando Fred.

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    São Castilho fazia milagres no gol, mas não com a sua saúde. Além da amputação do dedo, acumulou inúmeras lesões, que o acometiam, principalmente, durante os treinos. Foram nariz e maxilares quebrados, joelho operado e ele sempre voltava.

    Encerrou a carreira como goleiro em 1965, no Paysandu Sport Club, de Belém do Pará. Na ocasião, Castilho estava emprestado ao Clube e o levou à vitória, como campeão do Campeonato Paraense no mesmo ano. Tornou-se, então, treinador, ainda no Paysandu, garantindo o título estadual em 1967 e 1969.

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    Castilho também foi técnico do Operário (MT), conquistando o terceiro lugar no Brasileirão de 1977, e do Santos, em meados de 80, com um time de estrelas na época. O então treinador ajudou o Peixe a conquistar o Campeonato Paulista de 1984, derrotando o Corinthians com um gol de Serginho Chulapa.

    Fim trágico

    Com inúmeros problemas particulares, o craque entrou em depressão. Quando Evelyna, sua esposa na época, recusou-se a voltar com ele para a Arábia Saudita, onde era treinador, Leiteria não aguentou. Suicidou-se, pulando da cobertura do prédio de sua ex-esposa, em Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro.

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    Castilho deixou cinco netos e um casal de filhos, Shirley e Carlos, ambos de seu primeiro casamento. Sua primeira esposa, Vilma (testemunha ocular do suicídio, assim como seu filho) está viva e reside no Rio de Janeiro. O craque estaria hoje com 95 anos.

    “É um motivo de muito orgulho, sem dúvidas. Até hoje, passou tanto tempo, ele ainda é considerado um ídolo da história do Fluminense. Não só pelos jornalistas, mas pela própria torcida. E essas homenagens, como essa do CT passar a levar o nome dele, tem o busto dele inaugurado há alguns anos em Laranjeiras, e tantas outras homenagens que foram e ainda são feitas a ele. É motivo de orgulho ele ser essa referência para o clube. E é muito merecido, porque foi um cara que se dedicou realmente muito ao clube, na trajetória toda como profissional sempre abraçou com muita seriedade, determinação. Da nossa parte, a gente só pode ficar orgulhoso – emocionou-se Carlos Roberto, em entrevista ao GE, em 2020.

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