Morte de jogador que perdeu vaga para Falcão na Copa é cheia de mistérios
24/12/2022 às 15h45
O Palmeiras acumula estrelas e, coincidentemente, craques com o nome de Gilmar. Tem goleiros, volante… E um dos “Gilmares” que passaram pela agremiação foi o volante Gilmar Justino Dias, conhecido por Mococa, dono da camisa 10 do time.
A alcunha veio do nome de sua cidade natal, Mococa, localizada na Região Metropolitana de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo.
Início de carreira
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Mococa estreou no Palestra em 1970, onde permaneceu por dez anos. Entre 1978 e 1980, esteve sob a batuta de Telê Santana. Nesta década, ele foi emprestado em dois momentos: em 1978, para o Noroeste de Bauru (SP), e em 1979, para o São Bento de São Bento do Sul (SC).
Pelo alviverde, Mococa atuou em 75 partidas, colecionando 32 vitórias, 21 empates, 22 derrotas e marcando 11 gols.
O jogador também esteve em outras equipes, como Santos (1980), Bangu (de 1981 a 1984), Rio Branco E. C., de Americana (1985) e Cabofriense (1986). Em sua cidade natal, jogou pelo Radium Futebol Clube em três momentos: 1984,1985 e1987.
Reconhecido por seu talento, foi cogitado pela imprensa especializada para ser volante da Seleção Brasileira na Copa de 82, mas a vaga foi preenchida por Paulo Roberto Falcão.
Alcoolismo
Outra trágica coincidência entre diversos jogadores do Palmeiras é o alcoolismo. Assim como outros craques de sua geração e do time, Gilmar Dias era dependente de álcool e isso o fez decair, seu casamento acabou e outros problemas surgiram.
“Uma das coisas que causou nossa separação foi isso. Ele bebeu muito…”, desabafou ao UOL Esporte a ex-esposa de Mococa, Cecília Raimunda da Rocha, com quem tinha três filhos.
O ex-volante vivia uma vida humilde, morando com a mãe em uma casa alugada. O próprio Mococa se lamentou da condição em que vivia, em entrevista à Placar em 1997:
“Sei que poderia estar melhor, mas esbanjei muito na vida”.
Além do vício, Mococa tinha a visão comprometida, sob a suspeita de ser sequela de sua época de volante. Ano após ano, sua visão piorava e o jogador recebia auxílio-doença por não conseguir trabalhar. A junção do alcoolismo com o problema de visão fez com que a história de Mococa acabasse drasticamente.
Atropelamento e fuga
Mococa morreu em junho de 2018, aos 60 anos, vítima de atropelamento em uma rodovia mineira. O caso é cercado de mistérios: a polícia não conseguiu identificar o motorista que atropelou o jogador e fugiu sem prestar socorro, assim como a família não entende o motivo que levou Mococa a perambular por uma rodovia à noite.
“É isso que a gente não entende até agora: como ele foi parar lá na rodovia. Não tinha nada a ver com o caminho dele, não tinha sentido algum. Às vezes de manhã ele fazia caminhadas, mas era sempre mais cedo, nunca no horário em que aconteceu o acidente, até porque ele tinha um problema de visão e evitava sair à noite. A gente não se conforma porque ele foi parar lá na rodovia… na hora do almoço, meu filho ficou com ele, que estava um pouco alcoolizado. Meu filho ainda falou para ele não sair mais ao longo do dia e ele disse que não sairia. Na minha cabeça tenho que a bebida e a visão contribuíram para o atropelamento”, lamenta Cecília, na mesma entrevista.