Com mais de 30 anos de Globo, narrador foi desprestigiado ao vivo
04/12/2022 às 10h30
O jornalista e narrador Cléber Machado (60) é, de longe, um dos mais divertidos desta edição da Copa do Mundo. Com muito entusiasmo e carisma, ele tem feito a alegria da galera com seus comentários e trejeitos.
Certamente, se estiver narrando um jogo, seu nome estará entre os assuntos mais comentados do Twitter e de outras redes sociais.
Durante um dos jogos da Inglaterra, por exemplo, a brincadeira era com o nome do jogador inglês Bukayo Saka. O narrador precisou explicar que a frase “Saka pra foooooooora” não se tratava de um jogo de vôlei. Entendedores, entenderão…
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Elogios da concorrência
As narrações de Cléber têm sido elogiadas até por companheiros de profissão de emissoras concorrentes. André Henning (foto acima), da TNT Sports, destacou:
“Cléber Machado vive GRANDE fase!”.
Já Silvio Luiz, experiente narrador de 88 anos de idade que já passou por diversas emissoras e agora está na RedeTV!, elogiou o colega da profissão:
“O melhor narrador desta Copa, até agora, é o Cléber Machado, seguido de Everaldo Marques”, afirmou Silvio.
Desconvocado
Mas quem acha que todo este show dado por Cléber Machado está acontecendo lá no Catar, está redondamente enganado. O jornalista foi excluído da escalação da equipe que foi para o Oriente Médio, além de não narrar nenhum jogo da Seleção Brasileira. Ele narra os jogos no estúdio de São Paulo.
Apesar de estar no Brasil, o estúdio é ambientado com projeções em tempo real e conta com três câmeras instaladas no tradicional mercado Souq Waqif, do Catar, o que faz o público acreditar que ele está lá na terra dos sheiks. Só que não!
Mas, mesmo com todo o jogo de cintura e competência do narrador, sua ausência foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nos últimos dias. Para minimizar um pouco a cobrança do público, Cléber se pronunciou:
“A Copa do Mundo é tão maior do que quem vai, quem não vai. Todo mundo quer ir pra Copa. Do estudante que começa a fazer jornalismo e até um veterano. É uma questão de escala, questão de logística, é uma questão de recurso. Tem toda uma estrutura pra fazer, tem todo um clima pra fazer, tem todo um ambiente. Cada Copa do Mundo é de um jeito, entendeu? Cada uma tem o seu detalhe. Sem crise. Claro que é legal [ir para o Catar], é legal para todo mundo, né? Para quem torce e para quem joga. Pergunta para o cara que não foi convocado pelo Tite se ele não queria ir? Tem que entrar no clima. A Copa do Mundo é maior do que qualquer parada, então você acaba tendo isso no estúdio também”, comentou em entrevista ao Na Telinha.
A Globo tentou pôr panos quentes, justificando que o narrador ficou com a missão de narrar os jogos dos outros países.
“Os outros times, as outras seleções, são muito legais de fazer. Acho que aí, vem a nossa necessidade de passar para o torcedor que, além do Brasil, tem a Copa”, apaziguou Cléber.
Falta de sensibilidade da emissora
Mas logo esse contratempo acabou e a emissora deu outra bola fora. No intervalo de Holanda e Catar (foto acima), pela última rodada da fase de grupos, Cléber chamou o enviado Eric Faria para entrar ao vivo. O repórter destacou, então, o prêmio Journalists on the Podium, dedicado aos profissionais da comunicação que cobriram oito ou mais Copas, incluindo a atual edição.
A entrada exibiu o momento no qual Galvão Bueno (colega de emissora) recebeu o prêmio das mãos de Ronaldo Fenômeno. Sem quebrar o ritmo, Cléber demonstrou sua indignação com elegância, parabenizando a si mesmo, pois já narrou nove Mundiais (contando com o atual) e, portanto, também merecia a condecoração.
“Muito bom, muito bonito. Eu quero dar parabéns para mim também. Eles podiam mandar uma coisa dessa aí para mim. Aqui, é a nona Copa do Mundo. Não sei se vale à distância. Manda pelo correio ou traz aqui para gente”, disse Cléber Machado, com sarcasmo.
A equipe/direção de jornalismo esportivo poderia ter anunciado a premiação em qualquer outra atração, para não constranger o narrador. Uma baita saia justa.
Mas, o que o plim plim errou de lá, os internautas compensaram de cá. As demonstrações de carinho e admiração pelo locutor vêm de todos os lados. “Ouvir o Cléber Machado narrando é como ouvir jazz. Inspiração, improviso, sempre aberto ao inesperado, repetições temáticas”; “Cleber Machado tá soltinho no pagode, pra alegria de todo brasileiro de bem”; “vai ser muito triste viver sem Cléber Machado todo dia na minha TV quando acabar a Copa”.
Carreira global
Cléber Machado está na TV Globo desde 1988, começando como repórter e seguindo como locutor. Inclusive, foi com a narração dele que um dos jogos mais emocionantes da Copa de 2010 ficou marcado para o telespectador. Trata-se da partida entre Uruguai e Gana, na África do Sul.
“Era um jogo importante, classificava para a semifinal. Mas o jogo ganhou tal drama… Se você me perguntar qual jogo mais marcou, eu sempre vou lembrar desse”, conta o narrador.
Cleber Machado conta que a decisão da emissora em mantê-lo no Brasil não foi exatamente uma surpresa e que pretende usar a experiência que tem em transmissões em estúdio para levar o torcedor brasileiro ao Catar, assim como fez no ano passado durante os Jogos Olímpicos de Tóquio.
“A gente faz de um jeito que o público não sente muita diferença, acho que a gente consegue dar o tom certo”, finaliza.